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Ativista libanesa é condenada a trabalho forçado por supostos laços com Israel

Ativista libanesa Kinda Al-Khatib, 14 de dezembro de 2020 [LebanonaME/Twitter]
Ativista libanesa Kinda Al-Khatib, 14 de dezembro de 2020 [LebanonaME/Twitter]

A ativista libanesa Kinda Al-Khatib foi condenada na segunda-feira (14) a três anos de trabalho forçado por supostamente viajar a Israel para instituir laços com a ocupação sionista, reportou a Agence France Presse (AFP).

Al-Khatib, 23 anos, foi detida sob acusações de “colaborar com o inimigo, adentrar nos territórios palestinos ocupados e cooperar com espiões israelenses”.

Israel e Líbano tecnicamente continuam em guerra e ambos os estados proíbem seus cidadãos de viajar de um território ao outro. Comunicar-se com alguém baseado em solo israelense é também considerado ilegal segundo a legislação libanesa vigente.

Al-Khatib foi presa em junho e negou as acusações, ao argumentar que um único jornalista israelense tentou contactá-la via Twitter.

Em setembro, Al-Khatib foi indiciada, acusada de conceder conselhos ao estado sionista e facilitar uma entrevista da imprensa israelense com Charbel Hage, opositor do governo libanês radicado nos Estados Unidos.

Segundo o jornal pró-Hezbollah Al-Akbar, a denúncia oficial alegou que Al-Khatib pretendia colaborar para abrir a fronteira Israel-Líbano.

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Posteriormente, Al-Khatib foi acusada de conceder informações de segurança sobre o Líbano a um oficial de inteligência kuwaitiano, que reuniu-se com a ativista perto do Mar Morto, em território palestino ocupado, segundo informações da rede New Arab.

Amigos e parentes de Al-Khatib descreveram sua prisão e sentença como retaliação política, devido a críticas online ao movimento Hezbollah e outras figuras de poder no Líbano, incluindo o Presidente Michel Aoun.

Em junho, familiares de Al-Khatib denunciaram que forças de segurança fabricaram um dossiê para executar sua prisão. Insistem ainda que a conta da ativista no Twitter foi hackeada e utilizada para promover opiniões contrárias ao Hezbollah.

“Há uma completa ambiguidade em seu caso e eles não permitem nos comunicarmos com ela, salvo o instante na qual foi transferida pela polícia militar de Beirute”, relatou a irmã da ativista, Yasmine, à rede Al-Modon.

Ao defender a irmã das acusações de atravessar a fronteira israelo-jordaniana, declarou Yasmine: “Kinda viajou à Jordânia com a empresa Bandar Tours, a convite de um de seus amigos, e então retornou ao Líbano, quatro dias depois”.

A irmã da ativista criticou ainda a constante mudança nas versões apresentadas pela promotoria. “É estranho que, durante as investigações, ela foi acusada de entrar nos territórios ocupados oito vezes, então três vezes, então apenas uma única vez”.

A prisão de Al-Khatib ocorreu em meio a uma onda de detenções contra ativistas libaneses devido a postagens nas redes sociais que criticavam o governo por seus sucessivos fracassos diante da grave crise econômica e de pandemia do coronavírus.

Paralelos foram traçados entre os casos de Al-Khatib e Ziad Itani, ator acusado de colaborar com Israel, em 2017. Após meses de prisão, Itani foi inocentado e libertado. Um oficial de segurança, em seguida, foi denunciado por forjar as alegações.

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