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Israel aprova recursos para grupo islamofóbico combater o BDS

Ativistas protestam contra ataques israelenses aos territórios palestinos ocupados, em Nova Iorque, Estados Unidos, 14 de maio de 2018 [Mohammed Elshamy/Agência Anadolu]
Ativistas protestam contra ataques israelenses aos territórios palestinos ocupados, em Nova Iorque, Estados Unidos, 14 de maio de 2018 [Mohammed Elshamy/Agência Anadolu]

Elucidando ainda mais a relação entre sionismo e ascensão da indústria de propaganda islamofóbica, o governo israelense decidiu aprovar uma concessão financeira a um “grupo de ódio anti-islâmico” dos Estados Unidos.

Documentos obtidos pela revista judaico-americana Forward, via solicitação do Ato de Liberdade de Informação, revelaram que o Ministério de Assuntos Estratégicos de Israel transferiu US$40.000 a uma organização cristã sionista com sede no Tennessee, classificada pelo Centro de Direito da Pòbreza do Sul (SLPT) como “grupo de ódio”.

O SPLT é uma organização de advocacia sem fins lucrativos, com sede no Alabama, Estados Unidos, especializada em direitos civis e litígio de interesse público.

A entidade compilou uma lista extensiva de grupos islamofóbicos, muitos dos quais ávidos defensores do Estado de Israel. Segundo o SPLT, “tais grupos frequentemente trafegam em teorias conspiratórias envolvendo infiltração no governo por radicais islâmicos ou subversão do sistema legal dos Estados Unidos pela sharia [lei islâmica], além de representar os muçulmanos em geral como potenciais ameaças terroristas”.

A entidade cristã sionista, intitulada Proclamação de Justiça às Nações (PJTN), está identificada entre os quarenta e poucos grupos de ódio registrados na lista supracitada.

LEIA: Israel está frustrado com o fracasso para conter o movimento de BDS

O PJTN conduz campanhas de lobby contra o ensino de temas relacionados ao Islã em escolas americanas, ao alegar que as crianças são doutrinadas à religião. Em seu website, há uma petição protestando contra o que considera “acesso do currículo islâmico nas escolas dos Estados Unidos.”

O governo israelense aprovou recursos às campanhas do PJTN direcionadas a pressionar parlamentares americanos para que impeçam agências públicas de trabalhar com qualquer grupo ou instituição que apoie o movimento civil de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS).

Segundo relatos, a organização do Tennessee também foi recompensada por mobilizar cristãos sionistas na África do Sul, presumivelmente, alvo prioritário dos esforços de mídia e diplomacia de Israel contra a campanha de BDS.

A revista Forward prosseguiu ao reportar que a concessão financeira ao PJTN é parte de esforços mais amplos conduzidos pelo ministério israelense para apoiar grupos sionistas que combatem o BDS nos Estados Unidos.

Não obstante, a denúncia reiterou que permanece a dúvida: tais grupos declaram devidamente o apoio recebido por entidades estrangeiras?

A aprovação de recursos ao PJTN pelo governo de Israel destaca a relação entre atividades de grupos sionistas e a ascensão global de movimentos ultranacionalistas, de extrema-direita e islamofóbicos (entre outras formas de discriminação), ao longo das últimas duas décadas.

Frequentemente descritos como “indústria da islamofobia”, o número de tais grupos, em particular, que incitam o ódio aos árabes e aos muçulmanos, aumentou significativamente desde o atentado terrorista de 11 de setembro de 2001, em Nova Iorque.

Uma pesquisa da pesquisadora Hilary Aked, publicada em 2015, concluiu que há “sobreposição inegável” entre sionismo e islamofobia. O estudo buscou identificar a fonte do ódio contra muçulmanos no Ocidente e descobriu financiamentos diretos de Israel a doadores, grupos de lobby e organizações da “indústria da islamofobia”.

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