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Normalização pretende controlar os árabes, afirma líder político do Hamas

Khaled Meshaal, líder exilado do Gabinete Político do Hamas, fala durante uma conferência em Doha, capital do Catar, 1° de maio de 2017 [Karim Jaafar/AFP/Getty Images]
Khaled Meshaal, líder exilado do Gabinete Político do Hamas, fala durante uma conferência em Doha, capital do Catar, 1° de maio de 2017 [Karim Jaafar/AFP/Getty Images]

A ideia de normalizar relações com Israel foi incitada com o propósito de controlar as populações do mundo árabe, argumentou neste sábado (29) Khaled Meshaal, ex-chefe do movimento palestino Hamas.

As informações são da agência Anadolu.

Meshaal discursou em conferência online com o movimento de jovens do Partido Justiça e Desenvolvimento do Marrocos, via Facebook. Em sua fala, relatou que Israel conseguiu eliminar o Egito da questão política, ao assinar o tratado de Camp David, que levou ao conceito de normalização para controlar os árabes.

Egito e Israel assinaram um acordo de paz em Washington, Estados Unidos, em 1979, que sucedeu os acordos de Camp David, no ano anterior, e encerrou o conflito militar entre os dois países para instituir relações bilaterais permanentes e estáveis.

Meshaal afirmou que Israel segue agora uma nova política ao aproveitar-se de mudanças na conjuntura regional e internacional, nos anos recentes. Para o político palestino, os esforços para normalizar laços com o estado sionista não beneficiam ninguém, senão Tel Aviv.

Meshaal elogiou a posição da Turquia, ao alegar que o país intimida Israel ao apresentar seu modelo de política islâmica e seu potencial de comércio e indústria. Argumentou ainda que há alguns países que hoje exercem papel efetivo diante de mudanças globais, diferentemente dos estados árabes que perderam influência neste quesito.

O ex-líder do Gabinete Político do Hamas enfatizou que o plano de anexação e o chamado “acordo do século”, anunciado em janeiro pelo Presidente dos Estados Unidos Donald Trump, são pactos que jamais serão aceitos pelo povo palestino.

LEIA: Reconhecer Israel abre novas portas no Golfo, mas matará o sonho de uma Jerusalém árabe

Como parte da proposta de Trump, o Primeiro-Ministro de Israel Benjamin Netanyahu anunciou em junho que seu governo anexaria formalmente o Vale do Jordão e todos os blocos de assentamentos na Cisjordânia.

A Cisjordânia, incluindo Vale do Jordão e Jerusalém Oriental, é considerada território ocupado pela lei internacional. Portanto, todos os assentamentos exclusivamente judaicos na região, além dos planos de anexação, são ilegais.

Oficiais palestinos ameaçaram abolir qualquer acordo bilateral com Israel, caso o estado sionista avance com a anexação, que deverá prejudicar ainda mais o consenso internacional de dois estados.

A maioria da comunidade internacional, incluindo países da União Europeia, não reconhecem qualquer soberania israelense sobre os territórios em questão, ocupados desde 1967.

Em 13 de agosto, Trump anunciou um “acordo de paz” entre Emirados Árabes Unidos e Israel, mediado por Washington, para normalizar relações entre os países. O governo emiradense alega que o acordo foi um esforço para conter os planos israelenses de anexação ilegal da Cisjordânia ocupada.

Não obstante, em 17 de agosto, o Primeiro-Ministro de Israel Benjamin Netanyahu repetiu que a anexação não está descartada, mas sim postergada, por ora.

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