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França envia roteiro de reformas exigidas do Líbano

Presidente francês Emmanuel Macron (esq.) é recebido pelo presidente libanês Michel Aoun em Beirute, Líbano em 06 de agosto de 2020 [Presidência Libanesa / Agência Anadolu]
Presidente francês Emmanuel Macron (esq.) é recebido pelo presidente libanês Michel Aoun em Beirute, Líbano em 06 de agosto de 2020 [Presidência Libanesa / Agência Anadolu]

O presidente francês Emmanuel Macron enviou um roteiro aos políticos libaneses delineando as reformas políticas e financeiras exigidas para desbloquear a ajuda externa e resgatar o país de múltiplas crises, incluindo um colapso econômico, relata a Reuters.

O “documento conceitual” de duas páginas entregue pelo embaixador francês em Beirute e obtido pela Reuters apresenta medidas detalhadas, muitas delas exigidas por doadores estrangeiros.

As condiçõesReuters incluem uma auditoria do banco central, nomeação de um governo interino capaz de promulgar reformas urgentes e eleições legislativas antecipadas dentro de um ano.

Procurado, um funcionário do Ministério das Relações Exteriores da França não quis comentar. O escritório de Macron não respondeu imediatamente a um pedido de comentário da Reuters.

O atual governo provisório do Líbano, que assumiu o cargo em janeiro com o apoio do movimento Hezbollah apoiado pelo Irã e seus aliados, não conseguiu avançar nas negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI) para um resgate devido à inação nas reformas e uma disputa sobre o tamanho das perdas financeiras.

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O governo renunciou devido à enorme explosão do porto de Beirute neste mês, que matou pelo menos 180 pessoas, feriu cerca de 6.000 e destruiu bairros inteiros, e que reacendeu os protestos contra uma elite política por causa da corrupção endêmica e má gestão que levou o país a uma profunda crise financeira.

Um manifestante libanês carrega um cartaz que diz em árabe "A França sente sua falta", em referência ao exílio do presidente Michel Aoun na França em 1991, durante uma reunião na cidade de Sidon (Saida), no sul, em 13 de novembro de 2019, quase um mês depois do início um movimento de rua anti-corrupção sem precedentes. [Mahmoud Zayyat/ AFP via Getty Images]

Um manifestante libanês carrega um cartaz que diz em árabe “A França sente sua falta”, em referência ao exílio do presidente Michel Aoun na França em 1991, durante uma reunião na cidade de Sidon (Saida), no sul, em 13 de novembro de 2019, quase um mês depois do início um movimento de rua anti-corrupção sem precedentes. [Mahmoud Zayyat/ AFP via Getty Images]

“A prioridade deve ser a formação rápida de um governo, para evitar um vácuo de poder que deixará o Líbano afundar ainda mais na crise”, diz a Reuters.

A agência francesa enumera quatro setores que precisam de atenção imediata, de acordo com o documento: ajuda humanitária e resposta das autoridades à pandemia de covid; reconstrução após a explosão de 4 de agosto; reformas políticas e econômicas e uma eleição parlamentar antecipada.

Também é cobrado progresso nas negociações do FMI e na supervisão das Nações Unidas sobre os fundos humanitários internacionais prometidos ao Líbano nas últimas semanas, bem como uma investigação imparcial sobre a causa da detonação de grandes quantidades de material altamente explosivo armazenado de forma insegura no porto por anos .

Macron visitou Beirute logo após a explosão e deixou claro que nenhum cheque em branco seria dado ao estado libanês se ele não promulgasse reformas contra desperdício, corrupção e negligência.

Desde então, ele realizou vários telefonemas com os principais líderes políticos do sistema sectário que divide o poder do país, segundo uma fonte política libanesa. Macron deve retornar a Beirute em 1º de setembro.

Rivalidades políticas e interesses partidários impediram a formação de um novo governo capaz de enfrentar a crise financeira que devastou a moeda, paralisou o sistema bancário e espalhou a pobreza.

O documento conceitual francês enfatiza a necessidade de uma auditoria imediata e completa das finanças do Estado e da reforma do setor de energia, que sangra fundos públicos e não fornece eletricidade adequada.

O Parlamento deve promulgar as leis necessárias para efetuar mudanças no período interino, disse. “Os partidos devem ser engajados para votar as principais medidas que o novo governo tomará nos próximos meses.”

O roteiro pode aprofundar o papel da França no Líbano, uma ex-colônia francesa.

A agência afirma que Paris vai desempenhar um papel importante na reconstrução do porto de Beirute, reforçar a saúde, enviar equipes de seu tesouro e banco central para apoiar a auditoria financeira e ajudar a organizar a votação parlamentar antecipada, junto com a União Europeia.

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