Dezenas de milhares assinam petição para colocar o Líbano sob mandato da França

Quase 60.000 pessoas assinaram uma petição em apelo para que seu país seja posto sob mandato da França pelos próximos dez anos. A medida ocorre logo após uma enorme explosão abalar a capital libanesa Beirute, na terça-feira (4).

A petição pede pela imposição de um mandato francês devido à atual crise política e econômica no Líbano, pela qual a elite no poder é responsabilizada por sucessivos protestos populares.

“Oficiais libaneses demonstraram claramente sua inaptidão absoluta para dar segurança e gerir o país”, alega a petição. “Com um sistema em colapso, corrupção, terrorismo e milícias, o país chegou a seu último suspiro. Acreditamos que o Líbano deva retornar ao mandato francês, a fim de estabelecer uma governabilidade limpa e duradoura.”

A petição popular teve início após o Presidente da França Emmanuel Macron chegar a Beirute, nesta quinta-feira (6), e caminhar pelas ruas destruídas perto do local da explosão. Macron foi acompanhado pelo Presidente do Líbano Michel Aoun.

Centenas de pessoas reuniram-se para cumprimentar o líder francês, denunciar o governo e exortar Macron a enviar ajuda diretamente a ongs, como a Cruz Vermelha do Líbano, ao invés de concedê-la a políticos denunciados por corrupção.

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Protestos no centro de Beirute, que pediam pela renúncia do atual governo, entraram em confronto com forças de segurança.

O Líbano sofre da pior crise econômica na história do país e luta para conter a pandemia de coronavírus.

Para muitos, a explosão de terça-feira representou a última gota. Após a combustão de 2.750 toneladas de nitrato de amônio, armazenados indevidamente no porto de Beirute há seis anos, metade da cidade foi devastada, resultando na morte de 145 pessoas e milhares de feridos.

Enorme explosão abala Beirute, no Líbano [Sabaaneh/Monitor do Oriente Médio]

O material químico altamente inflamável chegou a Beirute em 2013, a bordo de um cargueiro com bandeira da Moldávia, que teve de interromper sua rota devido a problemas técnicos. Posteriormente, o chefe do setor aduaneiro do porto prometeu “com urgência” reexportar a carga explosiva, mas suas promessas jamais foram cumpridas, segundo informações da rede Associated Press.

Para muitos libaneses, a cadeia de erros administrativos que levou ao armazenamento impróprio de material tão volátil, a apenas cem metros de edifícios residenciais, é emblemático sobre os erros do governo.

Sobretudo, conforme relatos divulgados pela agência France24, centenas de residentes locais tomaram as ruas voluntariamente com vassouras e pás em esforço comunitário para limpar os escombros da cidade.

Não obstante, foi evidente a ausência das autoridades libanesas neste processo.

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