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Editoriais de agências sionistas são assinados por deepfakes, uma ‘nova fronteira da desinformação’

Variedade de jornais, incluindo o britânico The Sun, em uma banca de jornal em Londres, Inglaterra [Robert Alexander/Getty Images]
Variedade de jornais, incluindo o britânico The Sun, em uma banca de jornal em Londres, Inglaterra [Robert Alexander/Getty Images]

Agências de notícias pró-Israel publicaram editoriais com autoria de articulistas inexistentes, sob a técnica conhecida como “deepfake”, que substitui o rosto das pessoas nas imagens, em ação descrita como “nova fronteira da desinformação”.

Detalhes da “falsificação hiper-realista” foram revelados pela agência Reuters nesta semana. A reportagem da agência internacional enfim desvelou o mistério sobre a identidade do escritor sionista Oliver Taylor.

Taylor passou a escrever para uma série de publicações bastante conhecidas, como o Israel National News, The Jerusalem Post e Times of Israel. Entretanto, seu artigo no jornal judaico americano The Algemeiner, que acusou o acadêmico Mazen Masri e sua esposa, a ativista de direitos palestinos Ryvka Barnard, radicados em Londres, de serem “notórios simpatizantes terroristas” expôs sua verdadeira natureza.

Perplexos pela acusação de Taylor, Masri e Barnard alertaram a Reuters sobre sua suspeita diante do autor antipalestino. O acadêmico em direito relatou que, ao pesquisar uma imagem de perfil de Taylor, não pode determinar ao certo, mas desconfiou que algo em seu rosto “parecia errado”.

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Aparentemente, Masri atraiu a ira de Taylor devido a um trabalho, publicado no fim de 2018, que ajudou a lançar um processo legal contra a empresa de vigilância israelense NSO, em nome de vítimas mexicanas de um caso de invasão executada via spyware. A empresa foi acusada de estar “profundamente envolvida” em hackear celulares de 1.400 usuários.

Enfim, a identidade de Oliver Taylor foi revelada. Ao invés de ser uma pessoa real, trata-se aparentemente de uma imagem em “deepfake”, ou falsificação hiper-realista, criada em parte para criticar e difamar Masri. A Reuters entrevistou seis especialistas, que concluíram que a imagem possui características de falsificação não detectáveis a olho nu.

Em sua reportagem sobre “o casamento de deepfakes e desinformação”, a Reuters alertou que figuras falsas como Taylor são “perigosas” pois sabotam efetivamente o discurso público.

Taylor é apenas um de muitas personalidades deepfakes no espaço público. No início deste mês, o jornal britânico The Daily Beast denunciou 46 redes de notícias conservadoras, incluindo algumas filiadas à comunidade judaica, que utilizaram dezenove autores inexistentes para propagar “furos” sobre o Oriente Médio, como parte de uma campanha de propaganda massiva cujo início parece datar de julho de 2019.

Apenas algumas das redes em questão – em particular, sobre a cobertura de Israel e Oriente Médio – removeram os artigos forjados, cuja investigação de mídia revelou de fato ser de autoria de articulistas falsos.

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