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Sírios vão às urnas conforme novas sanções atingem a economia devastada pela guerra

Mulher síria registra seu voto em um posto eleitoral na capital Damasco, Síria, 19 de julho de 2020 [louai Beshara/AFP/Getty Images]
Mulher síria registra seu voto em um posto eleitoral na capital Damasco, Síria, 19 de julho de 2020 [louai Beshara/AFP/Getty Images]

A Síria realizou eleições parlamentares neste domingo (19), assolada por um severo colapso econômico e novas sanções impostas pelos Estados Unidos, após o presidente sírio Bashar al-Assad retomar controle da maior parte do país.

Segundo a agência Reuters, cidadãos sírios saíram para votar por todo o território mantido por Assad, em mais de 7.000 postos eleitorais, incluindo em localidades antes controladas pela oposição, recapturadas ao longo dos últimos dois anos.

Opositores de Assad denunciam o pleito como farsa, após quase uma década de guerra civil, que resultou na morte de centenas de milhares de pessoas e milhões de refugiados.

As eleições estavam originalmente previstas para abril, mas foram adiadas duas vezes devido à pandemia de covid-19. Em um posto eleitoral de Damasco, capital da Síria, muitos eleitores – desinfectados ao chegar no local – relataram preocupações sobre o aumento no custo de vida.

“Temos de encontrar uma solução para as condições de vida”, afirmou Samer Mahmoud, proprietário de uma loja de roupas.

“Se Deus quiser, espero que superemos as sanções”, reiterou Mouna Sukkar após registrar seu voto.

Mais de 1.600 candidatos, muitos dos quais empresários proeminentes, competiram pelos 250 assentos no parlamento sírio, na terceira rodada eleitoral desde a eclosão do conflito, em 2011.

Não se espera nenhuma surpresa nos resultados do pleito, que marca a segunda década de Assad no poder, sem qualquer oposição real a seu partido Baath e aliados.

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A Coalizão Nacional Síria, bloco de oposição com sede na Turquia e apoio ocidental, descreveu o pleito como “eleição teatral montada pelo regime de Assad”, à medida que milhões de cidadãos sírios vivem hoje na diáspora.

Na cidade de Douma, subúrbio a leste de Damasco, onde uma severa ofensiva militar expulsou insurgentes, em 2018, cartazes de candidatos foram expostos diante de pilhas de escombros, edifícios destruídos e paredes crivadas de balas.

Dezenas de pessoas protestaram em um posto eleitoral onde um retrato de Assad sorrindo cobria toda a parede.

“Vim votar … porque quero viver em segurança e quero que os preços caíam. Há um grande comparecimento”, declarou Ziad, residente que fugiu e retornou há dois anos. Em 2016, enquanto Douma era tomada por conflitos armados, Ziad registrou seu voto em Damasco.

Douma foi a localidade do ataque de gás venenoso, conforme evidências, conduzido pelo regime de Assad, que resultou na morte de dezenas de pessoas e incitou a intervenção ocidental no conflito, em 2018. Damasco e Moscou negam o incidente.

Graças à ajuda da Rússia e do Irã, Assad detém a maior parte do território sírio desde o início da guerra. O nordeste do país, porém, está sob controle dos grupos curdos. Rebeldes agora estão confinados a um canto perto da fronteira com a Turquia, no noroeste da Síria.

Entretanto, a economia devastada aprofunda-se na crise, atingida pelo colapso financeiro no Líbano, que resultou em grave fuga de capital estrangeiro na região. Agora, é atingida também pelas mais severas sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos, em junho último.

Washington afirma que o objetivo das sanções é responsabilizar Assad. Damasco alega que a crise é culpa dos embargos, conforme os preços aumentam e o valor da moeda nacional está em queda livre, o que afeta diretamente a vida do povo sírio.

LEIA: Relembrando a ascensão de Bashar al-Assad a Presidente da Síria

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