Filho transgênero de ator egípcio é processado por postagem sobre suicídio de ativista LGBT+

Noor Hesham Selim (à esquerda) e Sara Hegazi (à direita) [Instagram]

Noor Hesham Selim, filho transgênero de um dos mais famosos atores do Egito, está sendo processado por “promover homossexualidade” entre os jovens, após compartilhar em seu Instagram uma mensagem de apoio à ativista LGBT+ Sara Hegazi, que cometeu suicídio no exílio, recentemente. As informações são da agência Reuters.

Dois advogados egípcios registraram um processo legal contra Noor, filho do ator Hesham Selim, devido ao vídeo compartilhado em suas redes sociais.

“É uma conspiração contra o Egito abandonar nossa cultura e nossa moral e deixar a homossexualidade espalhar-se entre nossos jovens”, declarou Ayman Mahfouz, um dos dois advogados responsáveis pelo processo, em conversa por telefone com a Reuters, nesta quarta-feira (24).

“Ações severas” devem ser tomadas contra pessoas que buscam destruir valores e crenças religiosas do Egito, reiterou Mahfouz.

Embora a homossexualidade não seja ilegal no país, são marcantes manifestações de sua sociedade ultraconservadora. Discriminação contra grupos e membros da comunidade LGBT+ está em alta. Cidadãos gays e transexuais enfrentam casos de agressão e tortura, segundo relatório da entidade humanitária internacional Human Rights Watch.

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Noor Selim, de 26 anos, tomou as manchetes em maio após seu pai surpreender espectadores de televisão, ao falar abertamente da transição de seu filho, na esperança de que ajudaria a mudar atitudes e políticas contra cidadãos transgêneros no país.

Sara Hegazi foi encontrada morta em seu apartamento no Canadá, onde buscou asilo em 2018, após ser presa e torturada no Egito, por exibir uma bandeira do arco-íris em um concerto de música pop. Com 30 anos de idade, a ativista enfrentava depressão severa, segundo seu advogado.

O apoio de Noor voltou a enfurecer conservadores. O jovem não comentou imediatamente sobre o caso.

Na terça-feira (23), o jovem compartilhou outra postagem, na qual denunciou a pressão psicológica vivenciada e o fato de que as críticas online a Hegazi fizeram-no sentir-se ainda mais sozinho.

“Onde está a piedade?”, questionou Noor Selim.

Reda Eldanoubki, advogado e ativista de direitos humanos para o Centro de Orientação e Conscientização Legal para Mulheres, afirmou que o caso pode tornar pública a questão dos direitos da comunidade LGBT+ no Egito.

“Tal falta de tolerância e aceitação costuma sair pela culatra e não é do interesse da sociedade como um todo”, enfatizou.

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