Autoridades do Egito sequestram irmã de prisioneiro político Alaa Abdelfattah

Sanaa Seif, irmã do prisioneiro político Alaa Abdelfattah, foi sequestrada em frente ao escritório do procurador geral, levada em uma van por oficiais de segurança pública.

Sanaa, sua irmã Mona e sua mãe Laila estavam na sede da procuradoria para registrar queixa após agressão perto da infame Prisão de Tora. A família foi arrastada pelos cabelos e suas roupas foram rasgadas por beltagaya – sicários contratados pelo governo –, enquanto a polícia apenas assistia, sem prestar socorro.

As irmãs e a mãe estavam em frente à prisão onde Alaa é mantido, à espera de que uma carta fosse entregue ao prisioneiro. Desde o início do surto de coronavírus, prisioneiros políticos são proibidos de receber visitas e enviar cartas aos familiares.

Alaa foi preso em setembro de 2019 como parte da campanha de repressão contra ativistas e ex-prisioneiros, em retaliação a chamados por protestos do delator egípcio Mohamed Ali.

LEIA: Ativista torturada no Egito por erguer bandeira do arco-íris comete suicídio

Alaa estava há apenas seis meses em liberdade, após cumprir pena de cinco anos, acusado de organizar protestos sem autorização. Na ocasião, recebeu liberdade condicional, mas teve de dormir em uma delegacia de polícia durante estes cinco anos.

Não muito depois de sua prisão, notícias emergiram de que foi amarrado, vendado, espancado e abusado verbalmente. Seu advogado Mohamed Al-Baqer também foi preso e vítima de maus tratos.

Prisioneiro político Alaa Abdelfattah foi transferido à ala de segurança máxima da Prisão de Tora, com pouca ventilação e sem acesso apropriado a água e alimentos [Comitê de Proteção a Jornalistas/Twitter]

Alaa foi transferido ao setor de segurança máxima de Tora, isto é, a penitenciária de Al-Aqrab 2, mantido então em uma cela com pouca ventilação e sem acesso apropriado a alimentos e água, que devem ser adquiridos na cantina da prisão.

Em abril, Alaa realizou greve de fome por um mês, em protesto às condições de sua detenção e ao fato de que sua família foi proibida de visitá-lo desde o início da pandemia.

Em 18 de março, sua mãe e sua tia foram detidas após realizarem protestos pela soltura de presos políticos; entretanto, foram libertadas em seguida.

No decorrer dos últimos meses, imagens de sua mãe circularam nas redes sociais, mostrando sua figura prostrada em frente à prisão, ao tentar entregar remédios para o filho.

LEIA: Ativista de direitos humanos está desaparecido sob condução policial há sete dias, no Egito

Sair da versão mobile