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Dezenas são presos após premiê do Líbano ordenar resposta mais dura aos protestos

16 de junho de 2020, às 14h06

Manifestantes tiram selfies em frente a uma loja atacada durante manifestação contra as duras condições econômicas e colapso da moeda libanesa, agravados pela pandemia de coronavírus, na Praça Riad al Sohl, em Beirute, Líbano, 12 de junho de 2020 [Hussam Shbaro/Agência Anadolu]

O Exército do Líbano prendeu dezenas de manifestantes por vandalismo, durante os protestos do fim de semana, após o Primeiro-Ministro Hassan Diab ordenar maior repressão.

A agência de notícias estatal mencionou um oficial militar libanês: “O total de prisões feitas pela inteligência militar entre 11 e 15 de junho nas diferentes regiões do Líbano foi de 36 pessoas, por atos de vandalismo.”

A onda de protestos ocorre após Diab e o Presidente Michel Aoun classificarem os levantes como “atos organizados de sabotagem”.

Em comunicado emitido ontem (15) pela Secretaria-Geral do Supremo Conselho de Defesa, Diab declarou: “Estes não são protestos contra a fome e a situação econômica. São sabotagem sistêmica.”

Segundo a agência Associated Press, durante reunião, Diab disse: “O que está acontecendo no Líbano não é normal … bandidos estão tomando as ruas e destruindo o país e suas instituições, enquanto o estado assiste.”

Posteriormente, o premiê exigiu que “infratores” e “vândalos” fossem presos.

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Os eventos em questão ocorreram ao longo de três noites consecutivas de protestos intensos, durante os quais os manifestantes atacaram bancos e lojas e atiraram pedras contra oficiais do Exército.

Diversas filiais do Banco Central do Líbano, frequentemente apontado como responsável pela crise, foram incendiadas. Grupos de motoqueiros jovens causaram danos em propriedades empresariais e financeiras no abastado Distrito Central de Beirute, na noite de sexta-feira (12).

Em resposta, o Ministro do Interior Mohammed Fahmi baniu o uso de motocicletas no distrito da capital, no período entre 17h e 6h da manhã, a partir desta segunda-feira (15), reportou a rede Al Arabiya.

Os protestos escalaram na quinta-feira (11), após a libra libanesa (também conhecida como lira) alcançar queda histórica no valor de 7.000 liras para cada dólar. Oficialmente, a taxa de câmbio está congelada em 1.507,5 lira para cada dólar.

Manifestações contrárias ao governo começaram em outubro de 2019, devido à deterioração rápida da economia libanesa, junto dos padrões de vida dos residentes locais. Os protestos vivenciaram certa calmaria no fim de fevereiro e desapareceram nas primeiras semanas de lockdown – medida intensiva para conter a propagação do novo coronavírus.

Entretanto, à medida que o Líbano deu início à sua reabertura, protestos retornaram às ruas, em números não vistos desde os primeiros dias do movimento. Manifestantes agora exigem soluções pós-pandemia, além de respostas às taxas crescentes de insegurança alimentar e desemprego no país.

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