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Israel contesta raízes palestinas de Jesus

Peregrino cristão no Rio Jordão, Cisjordânia ocupada, 18 de janeiro de 2017 [Issam Rimawi/Agência Anadolu]
Peregrino cristão no Rio Jordão, Cisjordânia ocupada, 18 de janeiro de 2017 [Issam Rimawi/Agência Anadolu]

A conta oficial do Estado de Israel questionou as raízes palestinas de Jesus Cristo, ao alegar que, como judeu, não se associava a qualquer outra nacionalidade histórica.

O comentário veio em resposta a uma postagem de uma conta satírica, administrada pelo condecorado comediante David Javerbaum, que contestou representações tradicionais eurocêntricas da figura de Jesus Cristo, com pele branca e olhos claros.

Afirmou a página The Tweet of God: “O privilégio não pode ser mais branco do isso: fazer com que um palestino da era romana se pareça assim.” A referência ocorre em meio a debates bastante proeminentes sobre “privilégio branco” e racismo endêmico, após o assassinato de George Floyd, cidadão negro morto por um policial nos Estados Unidos, que levou a protestos sem precedentes em todo o país e no mundo.

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Entretanto, Israel – cujo nome hebraico traduz-se como “aquele que luta com Deus” – retrucou à sátira, ao reafirmar a herança exclusivamente judaica do principal profeta cristão: “Deus: ‘Jesus era palestino’. Jesus: ‘Papai, lembra-se quando me deu aquele discurso sobre valores judaicos em meu Bar Mitzvah?’”

Conta satírica destaca visão eurocêntrica sobre Jesus Cristo

Segundo a rede The New Arab, em outra postagem o comediante redarguiu: “The Tweet of God: ‘Jesus não tinha pele branca’. Twitter oficial de Israel: ‘Deus, sou a conta oficial do Estado de Israel e vou responder a você para que o mundo todo veja; aliás, os palestinos fedem’.”

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A página israelense ainda respondeu: “E no oitavo dia, Deus criou o Google Tradutor.”

Disputa nas redes sociais contrapõe página de comédia com a conta oficial do estado sionista [Twitter]

Disputa nas redes sociais contrapõe página de comédia com a conta oficial do estado sionista [Twitter]

Um usuário da rede social ainda destacou que a conta do chamado Estado-Nação Judaico referiu-se a Jesus como “Filho de Deus”, de modo que tal característica não é aceita pelo judaísmo ortodoxo, tampouco como messias. Em contraponto, cristãos e muçulmanos adotam Jesus Cristo como profeta.

A aparência física de Jesus é um debate consistente ao longo dos anos. Segundo o último livro do Novo Testamento (Revelações), sugere-se que Jesus possuía a pele bronzeada e cabelo crespo, algo razoavelmente comum aos povos do Oriente Médio. Segundo narrativas islâmicas, Jesus é descrito com tez avermelhada.

O local de nascimento de Jesus também é alvo de controvérsias: há quem afirme que o profeta cristão tenha nascido na então província da Palestina, ocupada por Roma, no século I. De fato, Jesus Cristo nasceu em Belém, atual Cisjordânia ocupada, e cresceu em Nazaré, considerada região da Galileia.

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