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Colono israelense é condenado pelo assassinato da família Dawabsheh

A condenação da Corte do Distrito de Lod sobre o incendiário Ben-Uliel carrega sentença perpétua em potencial

18 de maio de 2020, às 11h55

Na manhã de hoje (18), um colono israelense foi declarado culpado de um ataque incendiário que resultou na morte de um casal palestino e seu bebê – o único sobrevivente foi o filho de então quatro anos do casal; porém, com queimaduras e cicatrizes graves decorrentes do crime.

O atentado ocorreu em julho de 2015, ocasião na qual o colono Amiram Ben-Uliel pôs fogo à residência da família Dawabsheh, na aldeia de Duma, Cisjordânia ocupada.

Ali Dawabsheh, de dezoito meses de idade, morreu devido às chamas; seus pais faleceram posteriormente devido aos ferimentos. Ahmed, irmão mais velho de Ali, sobreviveu; porém, com queimaduras graves sobre 80% do corpo.

A investigação sobre o crime revelou evidências de que coquetéis molotov atirados contra um quarto foram responsáveis por iniciar o incêndio.

LEIA: Relembrando o ataque incendiário que deixou órfão Ahmed Dawabsheh

Ben-Uliel confessou três vezes ter cometido o crime; entretanto, as duas primeiras confissões foram consideradas inadmissíveis perante júri israelense. A primeira, por ter sido extraída mediante força física; a segunda por ter sido declarada logo após uso de coação semelhante. Eventualmente, uma terceira confissão foi aceita.

A tripla condenação da Corte do Distrito de Lod contra Ben-Uliel, de 25 anos, carrega uma sentença perpétua em potencial, reportou a rede Al-Jazeera.

No entanto, a corte inocentou o réu de filiação a grupo terrorista.

Em resposta ao veredito, Hussein Dawabsheh, avô de Ahmed, relatou: “Sinto que o julgamento foi para os outros, não para mim. Não trará minha filha de volta; seu marido e meu neto não voltarão. Mas não quero que nenhuma criança sofra o que sofreu Ahmed. Vivenciamos um trauma enorme e não nos esqueceremos sequer em cem anos. Não quero que isso aconteça a outra família.”

Em declaração, o serviço de segurança israelense Shin Bet caracterizou a decisão da corte como “importante marco na batalha contra o terrorismo judaico”. Os crimes de Ben-Uliel, alega o comunicado, “atravessam gravemente nossa linha vermelha”.