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Egito exerce pressão para depor o Primeiro-Ministro do Sudão

Primeiro-Ministro do Sudão Abdalla Hamdok (no centro) participa de sessão fechada da 33ª Cúpula de Chefes de Estado da União Africana, em Addis Ababa, Etiópia, 10 de fevereiro de 2020 [Minasse Wondimu Hailu/Agência Anadolu]

Como parte dos esforços para concluir de modo favorável as negociações sobre o projeto da Represa de Renascimento, desenvolvido pela Etiópia, o Egito passou a trabalhar para prejudicar o governo e depor o Primeiro-Ministro do Sudão Abdalla Hamdok, alinhado com o lado etíope, conforme informações de fontes internas.

Segundo a rede Al-Araby Al-Jadeed, as fontes relataram: “O Cairo tem a impressão de que os laços próximos de Hamdok com o Primeiro-Ministro da Etiópia Abiy Ahmed, anteriores ao mandato de Abiy, tornaram-no ferramenta de manobra utilizada a favor deste para controlar o caso da represa.”

E acrescentaram: “O que torna a situação mais favorável aos esforços de Abiy é a tensão e as disputas em curso atualmente, entre o exército sudanês e outros componentes civis, desde a queda do regime Al-Bashir”.

O longevo ditador do Sudão Omar Al-Bashir foi deposto pelo exército sudanês em 2019.

A Etiópia está construindo uma barragem no valor de US$5 bilhões perto de sua fronteira com o Sudão. O governo etíope alega que a obra deverá suprir ao país recursos energéticos e econômicos há muito necessários. O Egito receia que, após preenchida a represa, suprimentos de água do Nilo poderão tornar-se restritos.

O Egito depende inteiramente das águas do Rio Nilo – recebe quase 55.5 milhões de metros cúbicos de recursos hídricos por ano. O governo no Cairo teme que este recurso, utilizado para consumo, agricultura e geração de energia elétrica, esteja ameaçado.

Após fracassarem as negociações tripartites entre os países africanos, foi estabelecido um novo processo político com os Estados Unidos como mediador externo.

LEIA: Etiópia diz que não sofrerá pela prosperidade do Egito, no caso do Nilo

Em novembro último, os Estados Unidos promoveram uma reunião em Washington, que estabeleceu 15 de janeiro como prazo final para solucionar a disputa, que a certo ponto pareceu sugerir um potencial conflito armado entre Egito e Etiópia.

No entanto, os países africanos concordaram em realizar quatro rodadas de negociações. A primeira realizada na capital etíope, Addis Ababa. A segunda, no Cairo; a terceira, em Cartum, capital do Sudão.

Apesar das discussões parecerem promissoras, voltaram à situação de impasse no final de dezembro, logo após a terceira rodada de negociações na capital sudanesa.

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