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Um terço dos ataques aéreos da coalizão saudita no Iêmen foram contra alvos civis

Civis inspecionam um edifício destruído por um ataque aéreo executado por forças da coalizão militar saudita, no Iêmen [Mohammed Hamoud/Agência Anadolu]

Quase um terço de todos os ataques aéreos executados pela coalizão militar liderada pela Arábia Saudita, com apoio dos Estados Unidos, no Iêmen atingiram alvos civis, incluindo hospitais, escolas e mercearias, conforme revelou novas informações compiladas pelo projeto independente de monitoramento Yemen Data Project.

Os dados foram divulgados no quinto aniversário da intervenção militar conduzida pela coalizão saudita no Iêmen.

As descobertas sugerem que mais de 18.400 civis foram mortos ou feridos como resultado dos bombardeios da coalizão, que tenta depor o Governo de Salvação Nacional, alinhado ao grupo rebelde houthi, e restabelecer o governo do Presidente Abd Rabbuh Mansur Hadi, que fugiu do país antes de renunciar e voltar atrás de sua decisão.

Segundo as forças militares alinhadas ao grupo houthi, mais de 257.000 ataques aéreos foram executados pela coalizão saudita nos últimos cinco anos. A província de Saada, ao norte do país, considerada posto avançado do grupo houthi, representou o principal alvo.

“As estatísticas claramente demonstram que no decorrer dos cinco anos, a coalizão consistentemente atingiu alvos civis”, afirmou Iona Craig, jornalista que representa voluntariamente o projeto de monitoramento. Craig reiterou que agressões da coalizão saudita resultam, em média, em dez baixas civis por dia.

“Não são apenas hospitais ou instalações médicas que precisamos considerar. Mas também o bombardeio da infraestrutura elétrica e de distribuição de água, o impacto nas linhas de fornecimento a depósitos de alimento e os danos contra pontes e estradas cruciais”, detalhou a jornalista.

Mais de 8.600 civis, dos quais um quarto eram mulheres e crianças, foram mortos em dezenas de incursões militares da coalizão, representando setenta por cento das mortes civis documentadas pela organização, segundo informações do jornal The Independent.

O projeto ainda denunciou que aviões de guerra da coalizão foram responsáveis por bombardear instalações médicas, clínicas e hospitais ao menos 83 vezes. Mais de sessenta depósitos e lojas de alimentos também foram atingidos, além de 134 instalações de energia elétrica e distribuição de água.

Segundo o projeto de Dados e Localização de Conflitos Armados (ACLED), que coleta estatísticas em parceria com o Yemen Data Project, a guerra resultou na morte de mais de 112.000 pessoas nos últimos cinco anos. O ano de 2019 foi o mais violento até então, com mais de 25.000 mortes registradas.

No início da semana, o Secretário-Geral das Nações Unidas Antonio Guterres realizou apelos por um cessar-fogo imediato no Iêmen, sob receios da propagação do novo coronavírus. Segundo relatos, autoridades da Arábia Saudita expressaram disposição para apoiá-lo, postura bem recebida pelos houthis em Sanaa, capital do Iêmen.

“É hora de pôr o conflito armado de lado e concentrar-nos juntos na verdadeira luta de nossas vidas”, afirmou Guterres. O coronavírus (covid-19), prosseguiu o representante da ONU, é “inimigo comum” de todo o mundo.

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