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Mais de 4.8 milhões de crianças nasceram durante a guerra na Síria

18 de março de 2020, às 12h24

 

Segundo estimativas, mais de 4.8 milhões de crianças sírias nasceram durante os nove anos de guerra civil no país, tanto na Síria quanto no exterior, revelou o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).

No domingo (15), data que celebrou o aniversário da revolução síria, Henrietta Fore, diretora executiva da agência da ONU, declarou: “A guerra na Síria representa hoje mais um marco histórico vergonhoso.” Conforme a guerra entra em seu décimo ano, crianças continuam a ser algumas das mais graves vítimas, argumentou Fore. “Milhões de crianças entram em sua segunda década de vida cercadas pela guerra, violência, morte e deslocamento.”

A organização ainda afirmou que dados compilados desde 2014 – quando começou o monitoramento oficial sobre a guerra civil e seus efeitos – mostram que “mais de 9.000 crianças foram mortas ou feridas no conflito”, além de “aproximadamente 5.000 crianças – a partir dos sete anos de idade – recrutadas ao combate e quase 1.000 instalações médicas e educacionais atacadas.”

O bem-estar das crianças sírias no futuro próximo não parece promissor. A agência alertou que o “verdadeiro impacto desta guerra nas crianças é provavelmente ainda mais profundo.” Isso se deve principalmente pelas enormes consequências dos conflitos e da devastação sobre seu acesso à saúde e educação, particularmente nas áreas mantidas pela oposição, no noroeste da Síria.

Desde abril de 2019, quando o Presidente da Síria Bashar Al-Assad e seus aliados russos lançaram campanha intensiva para capturar o último posto avançado da oposição, na província de Idlib, famílias que residiam ali ou que se abrigaram no local – supostamente zona de desescalada – sofreram bombardeios e foram expulsas em direção à fronteira com a Turquia, mais ao norte.

Segundo a UNICEF, este processo resultou no deslocamento de 960.000 residentes locais, incluindo 575.000 crianças.

As crianças são afetadas especialmente pela falta de acesso à educação, observou a agência: “Mais de 2.8 milhões de crianças estão fora das escolas na Síria e nos países vizinhos.” Segundo relatos, os danos são tão generalizados que duas em cinco escolas não podem ser utilizadas devido à destruição, resultando em abrigos sem estrutura para famílias deslocadas ou mesmo utilizadas para fins militares.

Ted Chaiban, Diretor Regional da UNICEF para o Oriente Médio e Norte da África, afirmou que a crise vigente apresentará ainda mais “consequências severas às crianças”.

Em nome do bem-estar das crianças afetadas, Fore fez um apelo para que todos os lados do conflito atenuem as tensões e parem de atacar instalações humanitárias. “Nossa mensagem é clara: parem de atacar escolas e hospitais. Parem de matar e mutilar crianças. Garanta-nos acesso transnacional para que possamos chegar àqueles em necessidade. Crianças demais sofreram por tempo demais.”

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