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Agência de checagem desmente Ernesto Araújo sobre questões palestinas

Ministro das Relações Exteriores do Brasil Ernesto Araújo cumprimenta o presidente dos Estados Unidos Donald Trump, em 30 de agosto de 2019 [Casa Branca]

A agência Lupa publicou, com destaque no jornal Folha de S. Paulo, checagem das afirmações sobre a Palestina feitas pelo ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo em audiência pública realizada no Senado na última quinta-feira (5), e o desmentiu.

A sessão teve o objetivo de discutir o apoio do Brasil ao plano de paz para o Oriente Médio proposto pelo presidente dos Estados Unidos Donald Trump.

Na ocasião, Araújo fez afirmações que chamaram atenção da agência, pela improcedência total ou parcial.

Em dado momento, Araújo afirmou: “Existe um viés, ainda infelizmente grande, anti-Israel em organismos como o Conselho de Direitos Humanos. Eu estava vendo que nos últimos, 15 anos, 80% das resoluções do Conselho de Direitos Humanos são contra Israel.”

A alegação foi desmentida com dados. Das 1,4 mil resoluções que o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas já aprovou, apenas 62 – isto é, 4 por cento – dizem respeito a Israel, especificamente. Na prática, a maioria consiste em reforços para resoluções previamente aprovadas, contudo não respeitadas pela ocupação israelense e tratam de modo geral de direitos violados ou em risco.

As resoluções periódicas tratam de: violações da lei internacional em territórios palestinos ocupados, direitos humanos nas Colinas de Golã (território sírio ocupado por Israel desde 1967), direito à autodeterminação do povo palestino, assentamentos israelenses em territórios palestinos e nas Colinas de Golã, e direitos humanos em territórios palestinos ocupados.

A agência lembrou que no dia 16 de março, será votada também uma resolução sobre a participação de empresas em violações a direitos humanos nos assentamentos – áreas de território palestino ocupadas por colonos israelenses.

Outra afirmação de Araújo foi de que “pela primeira vez, um chefe de governo do estado de Israel concordou em reconhecer um futuro Estado palestino com base em um mapa integrante do plano”. No caso, a única verdade está na existência de um mapa, que aliás “encontrou forte rejeição dos palestinos, visto que retira da Palestina grandes áreas da Cisjordânia, incluindo todo o vale do Rio Jordão”.

Quanto a planos anteriores, a Lupa aponta negociações entre Israel e a Autoridade Nacional Palestina visando a criação de dois estados, mediadas pelos presidentes dos Estados Unidos Bill Clinton, em 2000, e George W. Bush, em 2008, todas fracassadas.

A Lupa também questionou a afirmação de Araújo de que “um número considerável de países, incluindo alguns atores centrais do mundo árabe, demonstraram abertura e apreço pela perspectiva da retomada das negociações entre israelenses e palestinos tendo como base o plano apresentado”

A agência listou manifestações positivas ao plano feitas por Arábia Saudita, Emirados Árabes, Marrocos, Egito, Catar e Bahrein. Contudo, frisou que a maioria dos representantes árabes claramente se opõe à proposta, a começar pela Autoridade Palestina, citando ainda Iraque, Jordânia, Argélia, Tunísia, Irã e Turquia.

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