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Três homens confessam ataque contra jornalista do Líbano

Polícia do Líbano na capital Beirute, em 8 de maio de 2017 [Ratib Al Safadi/Agência Anadolu]

Três seguranças do ex-ministro Marwan Kheireddine confessaram ontem (20) o ataque premeditado sobre o jornalista financeiro Mohammad Zbeeb.

O ataque ocorreu em um estacionamento no distrito de Hamra, na capital libanesa Beirute, em 12 de fevereiro. Zbeeb foi abordado na saída de um seminário organizado pela Universidade Americana do Clube Secular de Beirute.

A princípio, cogitou-se que o ataque havia sido executado pela polícia libanesa. Entretanto, três dos seguranças de Zbeeb confessaram o crime durante interrogatório às Forças de Segurança Internas (FSI) do Líbano.

Segundo a emissora de notícias local Al-Akhbar, um dos três homens admitiu planejar o ataque pois Zbeeb “sempre atacava o chefe”. O suspeito reiterou, porém, que Kheireddine – presidente do Banco Al-Mawarid – não possui qualquer relação com o incidente.

Investigadores ainda procuram determinar se havia alguém mais com os agressores no momento do ataque ou se foram conduzidos ou incitados a agredirem Zbeeb, conforme informações do jornal Daily Star Lebanon.

Kheireddine afirmou via Twitter que entregou os criminosos à FSI assim que soube do incidente e acrescentou que a fé no judiciário é a única forma de chegar à justiça.

Cidadãos libaneses, em resposta, tomaram o Twitter para denunciar outras atitudes de Kheireddine, ao publicar diversas imagens do banqueiro com carcaças de leões, leopardos e outros animais selvagens durante caçadas esportivas.

Diversos jornalistas enfrentam detenções arbitrárias e agressões nas mãos das forças de segurança devido à sua cobertura nacional sobre os protestos contra o governo, em curso desde outubro de 2019. O jornalista americano Nicholas Frakes foi detido por três dias em janeiro, após forças de segurança libanesas alegarem que ele transmitia os protestos ao vivo para o jornal israelense Haaretz.

Ainda em janeiro, repórteres locais protestaram pacificamente e bloquearam brevemente estradas em frente aos edifícios do Ministério do Interior, a fim de denunciar a violência policial contra seu trabalho.

O Sindicato Alternativo de Jornalistas no Líbano condenou o ataque contra Zbeeb como “covarde” e “agressão contra todos os jornalistas e contra a revolução, um crime contra as liberdades”.

O ataque levou mais de mil manifestantes a participarem no dia seguinte de um protesto sit-in – ocupação de via pública – em solidariedade ao jornalista, diante do Banco Central, no distrito de Hamra, em Beirute, sob o slogan “Jornalismo não é bode-expiatório”.

Em resposta, a Ministra da Justiça Marie-Claude Najm afirmou via Twitter que o ataque contra Zbeeb “demonstra a perigosa tendência de intimidar e aterrorizar a imprensa, em particular aqueles com vozes dissidentes”. A oficial libanesa prometeu acompanhar as investigações.

Zbeeb é conhecido por seus artigos críticos no âmbito do jornalismo econômico e demitiu-se do cargo de editor-chefe do Al-Akhbar devido a preocupações de que a rede de notícias fracassasse em reportar com objetividade os protestos que varreram o país desde o último ano.

O jornalista financeiro também foi ao Twitter para denunciar e condenar o ataque e escreveu: “Não temos medo e não vamos nos esconder, derrotaremos a oligarquia”.

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