Portuguese / English

Middle East Near You

Enviado da ONU diz ter esperanças de reabertura de terminais de petróleo da Líbia, embora ‘não possa prever’

Fumaça é vista após atentado suicida dentro da sede da Corporação Nacional de Petróleo da Líbia, na capital Trípoli [91.2 Crooze FM/Twitter]

Ghassan Salamé, enviado das Nações Unidas à Líbia, afirmou neste sábado (18) ter esperanças – embora “não possa prever” – de que os portos petrolíferos no leste do país sejam reabertos rapidamente diante da reunião em Berlim, cujo objetivo é alcançar uma trégua entre as partes em conflito no território líbio. As informações são da agência Reuters.

Terminais de exportação de petróleo na porção leste e central da Líbia foram fechados na sexta-feira (17) por grupos tribais ligados ao comandante dissidente Khalifa Haftar, líder do chamado Exército Nacional da Líbia. O grupo de Haftar e as forças do governo reconhecido internacionalmente permanecem em impasse após nove meses de confrontos pelo controle da capital Trípoli.

Diplomatas enxergam o fechamento dos terminais petrolíferos como uma demonstração de poder de Haftar com o objetivo de impor pressão às vésperas da conferência em Berlim, realizada a partir deste domingo (19). Alemanha e outras partes interessadas desejam pressionar por uma trégua duradoura na região a partir das negociações com sede em Berlim.

A Corporação Nacional de Petróleo da Líbia declarou força maior ao cancelar as exportações de petróleo dos portos orientais de Brega, Ras Lanuf, Hariga, Zueitina e Es Sider. Segundo dados da empresa estatal, o fechamento dos terminais petrolíferos resultará na perda de 800.000 barris por dia em recursos de petróleo.

LER: Conferência de Berlim: minuta final do acordo sobre a Líbia quase pronta

Salamé, enviado da ONU, declarou que o encontro em Berlim deverá provavelmente discutir os fechamentos dos portos petrolíferos e evitar que se arrastem por semanas ou meses, como ocorreu anteriormente com outros fechamentos de tais instalações.

“Caso a coisa não se resolva hoje ou amanhã, espero que a questão seja abordada, sim”, relatou Salamé à agência Reuters, em Berlim.

Entretanto, os 600 militantes de grupos tribais estacionados em frente ao porto de Zueitina reafirmaram que manterão os terminais fechados até que o leste do país seja capaz de exportar seus próprios recursos de petróleo, independente de Trípoli.

“Não reabriremos os terminais sem garantias internacionais”, afirmou Osman Saleh, líder tribal, à Reuters, em uma tenda montada para acolher militantes tribais, onde tomam chá e escutam discursos inflamatórios.

Os recursos de petróleo são registrados pela Corporação Nacional de Petróleo e beneficiam principalmente o governo reconhecido internacionalmente com base em Trípoli, embora alguns servidores públicos na porção oriental do país também recebam salários.

Para obter uma maior parte nos lucros, as forças de Haftar tentaram diversas vezes vender seu próprio petróleo, mas foram interrompidas pela ONU devido à violação flagrante do embargo em exercício, afirmam diplomatas.

Salamé relatou que uma distribuição justa dos recursos de petróleo precisa ser parte de qualquer acordo de paz proposto para a Líbia.

A produção na Líbia – em estado de caos após a deposição do longevo ditador Muammar Gaddafi, em 2011 – foi estimada em aproximadamente 1.3 milhões de barris de petróleo somente na última semana.

Salamé afirma também esperar que Haftar esteja disposto a considerar a extensão da trégua, mantida em partes no decorrer da última semana, apesar dos dois lados fracassarem em assinar um acordo esboçado nas conversas indiretas realizadas em Moscou, mediadas por Rússia e Turquia, na última segunda-feira (13).

Já foram realizadas diversas conferências e negociações com o objetivo de estabilizar a Líbia; entretanto, sem sucesso. Espera-se que Haftar e o Primeiro-Ministro Fayez al-Serraj, chefe do Governo de União Nacional em Trípoli, compareçam à cúpula em Berlim, embora sem expectativas de que se encontrem.

Categorias
ÁfricaLíbiaNotíciaONUOrganizações Internacionais
Show Comments
Palestina: quatro mil anos de história
Show Comments