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Separatistas do Iêmen do Sul rejeitam Acordo de Riad e retomam chamado por independência

Vice-Primeiro-Ministro do Iêmen Ahmed Saeed al-Khanbashi (à direita) e Nasser al-Habci (à esquerda), representante do Conselho de Transição do Sul, grupo separatista com apoio dos Emirados Árabes Unidos (EAU), assinam o chamado Acordo de Riad, na capital saudita, em 5 de novembro de 2019 [Bandar Algaloud/Conselho da Monarquia Saudita/Agência Anadolu]

Segundo relatos, o Conselho de Transição do Sul anunciou neste domingo (1°) que não está mais “comprometido com a implementação do Acordo de Riad, especialmente após o governo central de Hadi abdicar de seus deveres sob o pacto”. As informações foram divulgadas pelo site de notícias Uprising Today, filiado a grupos houthis no Iêmen.

O acordo mediado pela Arábia Saudita pretendia estabelecer a divisão dos poderes nacionais entre o presidente no exílio Abd Rabbuh Mansur Hadi e o conselho provisório iemenita apoiado pelos Emirados Árabes Unidos (EAU). Ao rejeitá-lo, o Conselho de Transição do Sul reiterou sua determinação em restaurar um estado independente do Iêmen do Sul, que existiu entre 1967 e 1990, quando o país foi unificado.

Segundo relatos locais, durante uma reunião com membros do conselho, Aidarous Al-Zubaidi, presidente da entidade, confirmou que o estado independente do Iêmen do Sul “tornou-se uma realidade” e então conclamou a comunidade internacional a reconhecê-lo oficialmente. Al-Zubaidi reiterou que os acordos de Riad representam uma vitória para seu movimento, enfatizando que tais negociações “fortaleceram a causa do sul e contribuíram para que o mundo reconhecesse o Conselho de Transição do Sul e o povo representado por ele”.

Entretanto, Saleh Al-Noud – porta-voz do conselho iemenita no Reino Unido – desmentiu os relatos e afirmou ao MEMO que “está certo de que não é o caso, pois o Conselho de Transição do Sul pretende de fato honrar o Acordo de Riad.”

Em resposta aos relatos que sugerem o recuo do presidente Hadi em relação ao acordo, Wadah Bin Atayyh – escritor sul-iemenita – acusou o governo de estar por trás da onda de assassinatos políticos na cidade portuária de Aden, disputada pelos grupos em conflito. “Cem dias desde a expulsão do governo de Hadi, os assassinatos retornaram a Aden,” compartilhou Bin Atayyh ontem em sua página do Twitter, referindo-se a tomada da cidade por forças do conselho transicional, em agosto deste ano. Aden teve de ser cedida novamente ao governo reconhecido internacionalmente de Abd Rabbuh Hadi, em um dos tópicos mais controversos do acordo.

“O assassinato de Salah al-Hujaili, diretor do departamento de investigações criminais no distrito de Mansoura, ocorrido neste domingo em frente à sua casa, e a fuga dos criminosos é um sinal bastante perigoso,” reiterou Bin Atayyh.

Segundo estimativas oficiais das Nações Unidas, entre 2015 e 2019, houve mais de cem assassinatos políticos executados somente no sul do Iêmen.

 

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