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Bin Salman quer ajuda em controlar o Oriente Médio a fim de ‘normalizar relações com Israel’

Mohammad Bin Salman, príncipe herdeiro e governante de fato da Arábia Saudita, em 1° de junho de 2019 [Bandar Algaloud/Conselho da Monarquia Saudita/Agência Anadolu]

Mohammad Bin Salman, príncipe herdeiro e governante de fato da Arábia Saudita, prometeu reconhecer e normalizar as relações comerciais com Israel caso os Estados Unidos o auxilie a “derrotar o Irã e assumir o controle do Oriente Médio.”

Tais declarações, divulgadas no último sábado (28) por um documentário exibido na rede americana PBS, durante o programa de televisão Frontline, foram feitos por Bin Salman durante uma reunião com o presidente americano Donald Trump, durante visita oficial à capital saudita Riad, em maio de 2017.

Martin Smith, apresentador do documentário intitulado The Crown Prince (O Príncipe Herdeiro), relatou que Mohammad Bin Salman desejava que Trump garantisse a “assistência dos Estados Unidos para derrotar o Irã, à medida que apoiasse as ambições do príncipe saudita em se tornar um agente crucial no Oriente Médio.”

Em troca, Bin Salman prometeu auxiliar Trump e seu genro, Jared Kushner, a “solucionar o conflito israelo-palestino”, elemento central do plano americano propagandeado pela atual administração na Casa Branca como o “acordo do século.”

O documentário contou com a participação de David Ignatius, analista de assuntos militares para o jornal The Washington Post. Segundo Ignatius, o príncipe herdeiro saudita declarou efetivamente: “Vejo um Oriente Médio onde Israel é parte integrante … estou pronto para reconhecer e estabelecer relações comerciais com Israel.”

Ignatius reiterou que a proposta de Bin Salman “seduziu a administração americana e tornou-se foco do plano ainda defendido por Kushner”.

As relações entre Arábia Saudita e Israel foram submetidas a um processo de reaproximação desde a chegada de Bin Salman ao poder, inclusive com relatos de um encontro recente entre o príncipe saudita, o Primeiro-Ministro de Israel Benjamin Netanyahu e outros oficiais do Golfo, realizado em um iate no Mar Vermelho.

No último mês de junho, um diplomata saudita relatou ao Globes – jornal israelense sobre assuntos financeiros – que a normalização das relações entre Arábia Saudita e Israel seria apenas “questão de tempo”, ao reconhecer a existência de relações secretas israelo-sauditas, assim como o uso de tecnologias israelenses pela Arábia Saudita.

O diplomata reafirmou que seu país está compromissado com o presidente palestino Mahmoud Abbas, enfatizando um encontro recente entre o príncipe herdeiro e o líder da Autoridade Palestina. Bin Salman já reiterou mais de uma vez seus esforços para obstruir qualquer processo de paz que se mostre danoso à liderança palestina. Entretanto, o diplomata saudita também reconheceu que o Rei Salman e o príncipe herdeiro estão aplicando pressão a Abbas, para coagí-lo a “levar a sério os desenvolvimentos políticos e econômicos.”

Embora Adel Al-Jubeir, Ministro de Relações Internacionais da Arábia Saudita, tenha declarado que seu país não está familiarizado com os detalhes do plano americano para solucionar a questão palestina – conhecido como “acordo do século” –, o diplomata saudita sugeriu que o acordo possui uma vantagem significativa, pois “abrange uma estratégia econômica inclusiva para o desenvolvimento de toda a região, em particular da Palestina”.

Al-Jubeir expressou a disposição de seu país para investir grandes somas no acordo proposto; segundo ele, “palestinos jamais sonharam em obter tal acordo.” Deste modo, o ministro saudita buscou promover diversos incentivos supostamente concedidos pelos Estados Unidos, como a promessa de que o dinheiro obtido com o acordo poderia levar a um contexto de “real independência, boa qualidade de ensino e autossuficiência nos setores de saúde e produção industrial para o povo palestino.”

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