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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Reino Unido manteve a venda de armas para Israel durante os protestos em Gaza

Protesto de estudantes reivindica que o governo britânico interrompa a venda de armas a Israel [Foto de arquivo]

Em 2018, à medida que soldados israelenses eram acusados de deliberadamente atirar contra e assassinar manifestantes palestinos na fronteira de Gaza, o governo britânico aprovou acordos de venda de armas em um valor superior a US$ 17 milhões. As informações são da Agência Anadolu.

Os dados publicados pelo Departamento de Comércio Internacional (DIT, da sigla em inglês) e compilados pela Campanha Contra o Comércio de Armas (CAAT, idem) revelam que uma série de licenças foi concedida para venda de armas que incluem partes de rifles de assalto, munições e outros equipamentos cujo destino provável é a repressão contra as manifestações palestinas.

No dia 18 de maio do último ano, um acordo de venda de armas em mais de US$ 125.000 foi aprovado pelo governo britânico, apenas quatro dias após 68 palestinos serem baleados e mortos por soldados israelenses. Ironicamente, nesta mesma semana, a então Primeira-Ministra Theresa May descreveu os assassinatos como “extremamente preocupantes”.

Além disso, durante um debate no parlamento, ainda neste dia, sete congressistas exigiram que houvesse maior escrutínio nas exportações bélicas do Reino Unido em direção a Israel. Alguns deles chegaram a propor a imposição de um bloqueio absoluto à venda de armas a Tel Aviv.

Entretanto, nada disso foi capaz de impedir o governo de aprovar licenças para fornecer tecnologia de mísseis, equipamentos de radar militar e ferramentas de visão noturna no valor total de US$ 18 milhões, no período de 30 de março até o fim de 2018.

“A mensagem que fica é que, não importa quais atrocidades sejam infligidas contra o povo palestino, as vendas de armas continuarão,” afirmou Andrew Smith, porta-voz da CAAT. “Se os ataques a tiros na fronteira não foram capazes de interromper a venda de armas, se os bombardeios de 2014 e 2008 não foram capazes de impedí-los, então o que mais será necessário?” questionou Smith.

Smith também declarou que, embora não seja claro se as armas fabricadas no Reino Unido são especificamente utilizadas contra os manifestantes, isso simboliza que o governo prioriza os negócios em detrimento da moral e da ética. Smith reitera que o governo também torna bastante provável que as armas britânicas sejam utilizadas contra palestinos inocentes em um futuro próximo.

As revelações recentes surgem logo após um tribunal de recurso do Reino Unido declarar que as exportações do país à Arábia Saudita são ilegais, de modo que contribuem com o assassinato de civis e com as baixas causadas pelos bombardeios liderados pela monarquia saudita no Iêmen. Além disso, a corte afirmou que o governo britânico não foi capaz de analisar se tal contribuição estaria em desacordo com as leis humanitárias internacionais.

Em entrevista ao site de notícias Middle East Eye, Husam Zomlot, embaixador palestino no Reino Unido, declarou que é de responsabilidade do governo britânico analisar se os acordos de exportação de armas são legais ou não e se há um contexto jurídico amplo a ser analisado além da venda de equipamentos militares. Disse o embaixador:

“O governo do Reino Unido pode dizer somente se realizou o devido processo. Não sabemos se há este mesmo processo para garantir que as armas não machuquem palestinos inocentes e não acabem auxiliando Israel em seu processo de ocupação ilegal e colonização da terra e do povo da Palestina.”

O diplomata palestino também levantou a questão da ocupação ilegal da terra pelo estado israelense, reiterando a transgressão da lei internacional e mesmo da lei básica do Reino Unido.

Em março de 2018, estima-se que 190 civis palestinos foram mortos e mais de 6.000 foram feridos durante os protestos contra a brutal ocupação de Israel e contra o cerco aos territórios palestinos. As manifestações receberam o nome de Grande Marcha do Retorno e pelo Fim do Cerco.

A Comissão Independente de Inquérito das Nações Unidas para os protestos de Gaza de 2018, criada pelo Conselho de Direitos Humanos neste mesmo ano, investigou a resposta violenta das forças de ocupação israelenses contra os manifestantes palestinos na fronteira. Por fim, considerou Israel culpado de uma série de crimes de guerra.

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