ONU: Mais de um milhão de palestinos em Gaza podem ficar sem alimentos em junho

A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos (UNRWA) alertou hoje que, a menos que consiga US$60 milhões em financiamento até junho, sua capacidade para prover alimento a mais de um milhão de refugiados palestinos em Gaza será severamente limitada.Em declaração, a organização internacional afirmou: “No momento, enquanto muçulmanos ao redor do mundo celebram o mês sagrado do Ramadã, frequentemente caracterizado pela natureza festiva dos jantares de Iftar, em Gaza, mais da metade da população depende de alimentos providenciados por ajuda da comunidade internacional.”

A declaração da UNRWA destacou que, a menos que consiga “no mínimo US$60 milhões adicionais até junho, sua capacidade para continuar a prover alimento a mais de um milhão de refugiados palestinos em Gaza, incluindo 620.000 em situação de miséria – aqueles incapazes de cobrir suas necessidades alimentares básicas e que têm de sobreviver com US$1.6 por dia – e quase 390.000 em situação de extrema pobreza – aqueles que sobrevivem com cerca de US$3.5 por dia – será severamente limitada.”

A UNRWA é financiada quase inteiramente por contribuições voluntárias. Ao longo dos anos, o apoio financeiro foi ultrapassado pelo aumento da demanda. Em 2000, havia menos de 80.000 refugiados palestinos recebendo assistência social da UNRWA em Gaza; hoje, há mais de um milhão de pessoas que precisam de assistência alimentar emergencial, sem a qual não podem sobreviver ao dia-a-dia.

Matthias Schmale, Diretor de Operações da UNRWA em Gaza, afirmou: “Isso consiste em um aumento de quase dez vezes causado pelo bloqueio que conduz o fechamento de Gaza e seu impacto desastroso na economia local, os conflitos sucessivos que destruíram bairros inteiros e infraestruturas públicas, e a incessante crise política interna palestina que começou em 2007 com a chegada do Hamas ao poder em Gaza.”

Um relatório publicado pelas Nações Unidas em 2017 alertou que a Faixa de Gaza se tornaria “inabitável” em 2020.

A taxa de desemprego em Gaza cresceu 52 por cento no último ano, com mais de um milhão da população local – que consiste em dois milhões de pessoas – dependente de doações trimestrais de alimentos pela UNRWA.

Estabelecida em 1949, a UNRWA fornece auxílio crítico a refugiados palestinos na Faixa de Gaza bloqueada, Cisjordânia ocupada, Jordânia, Líbano e Síria.

No ano passado, o Departamento de Estado dos Estados Unidos afirmou que Washington “não iria mais se comprometer com subsídios” à UNRWA. O país era isoladamente o maior contribuidor à agência, fornecendo US$350 milhões por ano – aproximadamente um quarto do orçamento total da agência.

Este anúncio foi apresentado um mês após a descoberta de um relatório secreto americano que declara que há somente 40.000 refugiados palestinos, considerando que são os palestinos que deixaram sua pátria em 1948 e permanecem vivos hoje, não seus descendentes.

Relatos indicam que Jared Kushner, assessor sênior e genro de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, tentou pressionar a Jordânia a retirar mais de dois milhões de palestinos do status de refugiados em um movimento que almeja extinguir o trabalho da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos (UNRWA).

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