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Agentes egípcios acharam que Giulio Regeni fosse espião britânico

Estudante e pesquisador italiano Giulio Regeni [foto de arquivo]

Autoridades egípcias prenderam o estudante italiano Giulio Regeni e o espancaram, acreditando tratar-se de um espião britânico, antes que fosse encontrado morto, conforme reportagem italiana baseada em novo depoimento.

O novo testemunho sobre o destino de Regeni, doutorando de 28 anos de idade da Universidade de Cambridge, desaparecido no Cairo em janeiro de 2016, foi concedido por uma pessoa que escutou um agente de inteligência egípcio conversar sobre um “rapaz italiano,” relata o jornal italiano La Republica.

Segundo um relatório de 2017, a conversa em árabe tratava da situação instável no Egito, durante uma conferência policial realizada em algum país africano não identificado e foi transmitida a investigadores italianos que requisitaram informações das autoridades egípcias.

O Ministro italiano de Relações Exteriores escreveu no Twitter que isso justifica “o pedido de informações da promotoria em Roma na busca de justiça a Giulio Regeni.”

O investigador italiano, cuja identidade foi ocultada, obteve o nome do agente egípcio após trocar contatos com outro investigador, afirmou o jornal. Trata-se de um dos cinco agentes que investigam o assassinato de Regeni, desaparecido a caminho do metrô, na zona oeste de Cairo, em 25 de janeiro de 2016.

O agente de inteligência egípcia afirmou: “Pensamos que fosse um espião britânico. Nós o prendemos e, após colocá-lo em um carro, tivemos de bater nele. Eu mesmo bati no rosto dele várias vezes,” segundo o jornal italiano Corriere della Sera.

O corpo de Regeni foi encontrado ao lado de uma rodovia nos arredores de Cairo, nove dias depois, com sinais de tortura. Após a transferência do caixão de Regeni para Roma, uma autópsia italiana demonstrou que o estudante foi morto devido a um golpe na base do crânio e que sofreu diversas fraturas por todo o corpo.

O caso de Regeni afetou bastante as relações entre os dois países após Roma acusar autoridades egípcias de não cooperarem adequadamente na investigação.

Investigadores italianos acreditam que o novo depoimento é confiável, o que os levou a requisitar maiores detalhes dos investigadores egípcios, no verão de 2017. Particularmente, desejam saber a localização do agente egípcio.

O Egito nega as acusações de envolvimento de suas forças de segurança na morte de Regeni.

As autoridades egípcias inicialmente afirmaram que Regeni morreu em um acidente de carro; depois, retificaram, dizendo ter sido assassinado por uma gangue criminosa, desmantelada pela polícia.

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