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A Europa não possui nenhuma autoridade moral ao proteger o colonialismo israelense

Ativistas exibem 4.500 pares de sapatos em frente ao Conselho da União Europeia, na Bélgica, em 28 de maio de 2018, para representar todos os mortos no conflito Israel-Palestina, na última década [foto de arquivo]

Discussões em torno dos prospectos precários da Palestina sob o contexto do auto-intitulado “acordo do século” de Donald Trump versus a conciliação de dois estados continuam. Aparentemente, amparada somente por essas duas alternativas de risco sobre a mesa, a Palestina está sendo lançada ao esquecimento.

Em antecipação ao acordo de Trump, um grupo de ex-oficiais de países europeus enviou uma carta ao Ministro de Relações Exteriores da União Europeia e à Alta Representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança. Eles reivindicam da UE que repudie o acordo americano e corroboram para “os parâmetros internacionalmente acordados para uma solução de dois estados.”

A carta trata os Acordos de Oslo como “um marco da política internacional de cooperação transatlântica” e descreve as decisões de Trump como uma “aposta com a segurança e a estabilidade de diversos países localizados às portas da Europa.” Isso ocorre no contexto de encerramento do auxílio dos Estados Unidos à Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA). Caso a Europa aceite o acordo de Trump, a carta alerta, o resultado será “acelerar o declínio da alternativa de dois estados e danificar fatalmente a causa da paz duradoura para palestinos e israelenses.”

Uma leitura cuidadosa do documento demonstra que há maiores preocupações sobre a UE manter a vantagem no que concerne às negociações diplomáticas, ao invés de dar importância ao que acontecerá aos palestinos no contexto do acordo vindouro de Trump. De fato, para concluir, a carta declara que a divergência na política vigente é “uma oportunidade definitiva para reforçar princípios compartilhados… e, portanto, manifestar o papel unívoco da Europa como ponto de referência à ordem global fundamentada no direito.”

Todas as preocupações demonstradas por todas as partes envolvidas estão alienadas da luta palestina por libertação. Será questionado: onde estavam quando possuíam posições de poder e influência? O que fizeram ou disseram em qualquer benefício aos palestinos?

É fato que a Palestina foi alterada, quase irrevogavelmente, pela colonização europeia e que os Estados Unidos agora lançam-se em aventuras que aceleram o processo. A UE está meramente competindo por influência internacional sobre os tópicos relativos a Israel e assim o faz em detrimento do território palestino e das vidas palestinas; não possui qualquer autoridade moral ao proteger o colonialismo israelense.

Ao contrário dos Estados Unidos nessa conjuntura, no entanto, a União Europeia possui o apoia da chamada comunidade internacional devido ao denominador comum da “solução de dois estados”, um comprometimento fatal que recompensa o estado responsável pela limpeza étnica em andamento do povo da Palestina. Uma vez que a comunidade internacional há muito tempo manipula o consenso geral como sendo equivalente em justiça e legitimidade, a UE está diplomaticamente um passo à frente em termos de relações internacionais.

No que interessa a Israel, tanto os EUA quanto a UE estão servindo à agenda colonial. Os EUA concentra-se em promover a normalização pública das relações com Israel e fornecer incentivos, enquanto a UE é responsável por normalizar tais relações e manter a ilusão de apoio aos direitos palestinos. No entanto, a premissa implícita da imposição de dois estados, fundamentada pelos Acordos de Oslo, marco de esforço diplomático, ludibriou os palestinos e os privou de suas terras.

Caso a União Europeia mensura seu sucesso por Oslo, deve ser transparente sobre sua agenda implícita e sobre os danos consequentes aos palestinos. Dizer à UE para rejeitar os planos de Trump a fim de apoiar um paradigma obsoleto é simplesmente escolher qual violação irá preservar; a escolha entre o menor de dois males: o plano de Trump e a concessão de dois estados. Ambos priorizam Israel, normalizam o colonialismo e subjugam os palestinos como meros recipientes de ajuda humanitária dada em compensação à terra roubada e às vidas destruídas.

A UE também deve alcançar seu objetivo de ser um ponto de referência internacional, mas vale relembrar Bruxelas de que a “ordem global fundamentada no direito” não é equivalente a justiça. A posição da Europa, embora menos beligerante que a posição americana, também é baseada na premissa de proteger o projeto colonial israelense na Palestina a todo custo, a maior parte do qual é afligido sobre a população nativa palestina.

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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