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Protestos na Argélia continuam apesar da renúncia de Bouteflika

Presidente argelino Abdelaziz Bouteflika [Wikipedia]

Ontem (5), milhares de manifestantes argelinos tomaram as ruas pela sétima semana seguida, apesar do fato do Presidente Abdelaziz Bouteflika ter anunciado sua renúncia no início da semana. Os manifestantes reivindicam uma mudança no governo como um todo e a saída de todos os aliados de Bouteflika.

Um influxo de manifestantes percorreu ruas e praças das cidades após as orações de sexta-feira. Muitos carregavam bandeiras. Outros manifestantes passaram a noite na Praça Grande Poste de Algiers, capital argelina. Algumas famílias foram vistas próximas à praça oferecendo café-da-manhã aos manifestantes vindos de outras cidades da Argélia a fim de se unirem aos protestos.

Essa é a primeira sexta-feira após a renúncia de Bouteflika e a sétima desde o início das manifestações. Os argelinos continuam a protestar para impor a remoção de todos os “remanescentes do regime” e prevenir que associados próximos a Bouteflika controlem o período de transição.

Muitas pessoas reivindicavam a destituição dos “três Bs”, isto é: o presidente do Conselho Nacional Abdelkader Bensalah, supostamente sucessor do presidente durante o período transicional; o Presidente do Conselho Constitucional Tayeb Belaiz; e o Primeiro-Ministro Noureddine Bedoui.

O trio representa as figuras centrais na estrutura estabelecida por Bouteflika. A Constituição lhes garante o direito de assumir responsabilidades de liderança durante o período transicional.

De acordo com a Constituição, Bensalah – ocupante da posição de Presidente do Conselho Nacional por 16 anos graças ao apoio de Bouteflika – é previsto para substituí-lo por três meses, durante período no qual devem ser preparadas as eleições presidenciais.

Belaiz, ministro por quase 16 anos seguidos, comanda o Conselho Constitucional, responsável por garantir a integridade das eleições, pela segunda vez.

Bedoui, primeiro-ministro que assumiu em 11 de março, é um seguidor histórico de Bouteflika, antes sob o cargo de ministro do interior, foi descrito pelo jornal Al-Watan como “a cabeça por trás da fraude eleitoral e inimigo da liberdade”.

Opositores dos “três Bs” acreditam que aqueles leais a Bouteflika não devem gerenciar o período de transição que sucede a retirada do presidente.

Na terça-feira (9), os escritórios das duas câmaras do parlamento devem sediar uma sessão, estabelecida constitucionalmente, para estabelecer o presidente interino do país. No entanto, quase uma semana se passou desde a renúncia de Bouteflika e a data da reunião ainda não foi estabelecida.

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