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Airbnb volta atrás em decisão de remover de suas listas propriedades de assentamentos na Cisjordânia

Logotipo da Airbnb representado na tela de um Iphone sobre um mapa [Chesnot/Getty Images]

A Airbnb, serviço online de aluguel de férias, voltou atrás em sua decisão de remover de suas listas propriedades localizadas em assentamentos ilegais na Cisjordânia ocupada, alegando que irá doar os lucros para um índice respectivo de organizações de caridade.

Em novembro, a Airbnb anunciou que não iria mais permitir o cadastro de propriedades coloniais na Cisjordânia por seus usuários, afirmando na declaração: “Muitos membros da comunidade internacional declararam que as companhias não devem realizar negócios [na Cisjordânia ocupada] porque acreditam que essas empresas não devem lucrar sobre terras cuja população sofreu deslocamento, [portanto] nós concluímos que devemos remover cadastros em assentamentos israelenses na Cisjordânia ocupada, que estão no coração da disputa entre israelenses e palestinos.”

No entanto, nos meses seguintes ao anúncio, muitos judeus americanos, indignados pela decisão, levaram a Airbnb às cortes dos Estados Unidos, alegando que a decisão os discrimina baseada em sua religião.

Como resultado destes procedimentos litigiosos, a Airbnb voltou atrás em sua decisão original de remover o cadastro de propriedades coloniais, ao contrário, permitindo a elas que permaneçam em seu site. De acordo com o jornal israelense Haaretz, “a mudança de política decorreu de um acordo judicial, na segunda-feira, entre a companhia de turismo e uma dúzia de reclamantes judeu-americanos, que haviam processado a empresa, coordenados pelo Shurat HaDin – Centro Legal de Israel, organização jurídica pró-Israel”.

Uma cópia do acordo judicial de segunda-feira afirma: “Airbnb não assume posição diantes das reivindicações dos reclamantes, ou quaisquer outras reivindicações, em relação ao título legal das propriedades nas quais as acomodações são localizadas. Todas as listas de acomodações localizadas na Região Afetada [a Cisjordânia ocupada] serão sempre permitidas em sua plataforma, sujeita a leis, regras e regulamentações aplicáveis.”

Em declaração após o caso litigioso, a Airbnb afirmou que “estabeleceu acordos em todos os processos levados até a empresa por anfitriões, potenciais anfitriões e hóspedes que se opuseram à política da companhia recentemente anunciada no que concerne às listas nas áreas disputadas”. Prosseguiu: “Continuaremos a permitir cadastros em toda a Cisjordânia, mas a Airbnb não irá receber lucros de suas atividades na região,” acrescentando que tais lucros irão, em lugar disso, “ser doados para organizações não-lucrativas dedicadas à ajuda humanitária para pessoas em diferentes partes do mundo.”

A declaração também insistiu que a Airbnb não apoia o movimento de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS): “A Airbnb sempre se opôs ao movimento de BDS. A Airbnb jamais boicotou Israel, negócios israelenses ou os mais de 20.000 hóspedes israelenses então ativos em sua plataforma.”

O movimento será visto como um golpe ao BDS, que antes comemorou a decisão da Airbnb de retirar as propriedades coloniais de suas listas. As posições do movimento também são apoiadas por diversas organizações de direitos humanos, incluindo a Anistia Internacional, que em janeiro pediu à Airbnb – junto a outras plataformas similares, como Booking.com, Expedia e TripAdvisor – que boicotasse a indústria do turismo israelense na Cisjordânia ocupada.

O ShuratHaDin possui uma longa história de lutar judicialmente em nome de Israel. Em fevereiro, o ShuratHaDin interveio para interromper investigações da Corte Criminal Internacional (CCI) sobre o ataque israelense à embarcação Mavi Marnara, em 2010. O grupo registrou oficialmente queixa legal direcionada à CCI, como parte de uma campanha de difamação que apresentava os passageiros da embarcação como “ativistas radicais” com intenções violentas, uma interpretação negada veementemente por ativistas que estavam a bordo da flotilha no momento.

Outras organizações fizeram uso de táticas similares para proteger judicialmente a agenda de Israel, por exemplo, a ACOM (Acción y Comunicación sobre Oriente Medio – ou Ação e Comunicação sobre o Oriente Médio). A ACOM vêm lutado em diversas batalhas legais em toda a Espanha a fim de revogar decisões pró-BDS estabelecidas por alguns dos maiores municípios do país, e promete ir no encalço de casos semelhantes no futuro.

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