Pela primeira vez desde a criação do Estado de Israel, o governo anunciou um boicote ao jornal Haaretz, acusando-o de apoiar “inimigos” em tempos de guerra.
Segundo Galei Tzahal, o governo decidiu romper relações com o Haaretz tanto em questões publicitárias quanto editoriais. Ministérios, agências de publicidade e empresas financiadas pelo Estado foram instruídos a interromper qualquer forma de contato com o jornal.
Uma reportagem de uma rádio israelense afirmou que o boicote foi implementado por decisão do governo, que também determinou o isolamento do jornal, impedindo qualquer comunicação com contas oficiais de altos escalões da mídia dentro do exército israelense.
Em comunicado, o governo israelense afirmou que o Haaretz publicou editoriais durante a guerra em Gaza que “prejudicaram a legitimidade do Estado de Israel no mundo e seu direito à autodefesa”.
LEIA: RSF aponta Israel como responsável por 43% das mortes de jornalistas em todo o mundo em 2025
O comunicado dizia que o governo “não aceitará uma situação em que o editor de um jornal oficial em Israel peça sanções contra ele e apoie os inimigos do Estado em meio à guerra”. Com base nisso, afirmou que todos os laços com o jornal seriam cortados e nenhuma declaração oficial seria emitida por meio dele.
A medida ocorre cerca de um mês depois de o Knesset ter aprovado, em primeira leitura, um projeto de lei que impõe novas restrições à liberdade de opinião e expressão, segundo o Yediot Aharonot.
O jornal em hebraico informou que o projeto de lei, intitulado “Reforma do Sistema de Mídia”, foi apresentado pelo Ministro das Comunicações, Shlomo Karhi, e passou pela votação inicial no plenário do Knesset.
A legislação amplia os poderes dos tribunais rabínicos em detrimento da autoridade da procuradora-geral de Israel, Gali Baharav-Miara, que se opôs ao projeto. Ela alertou que isso “inclui medidas que agravam os riscos para a imagem da imprensa livre em Israel”.
“Há uma preocupação genuína com a significativa influência e interferência comercial e política no trabalho das instituições de mídia”, afirmou.







