Hoje, o céu está repleto de drones — voando com asas metálicas que brilham sob o calor do sol, guiados de longe por sinais frios que não conhecem a misericórdia. Voam sem pensar, atacam sem hesitar e, às vezes, retornam — ou talvez se autodestroem. Não há alegria na vitória, nem arrependimento pelo sangue derramado. São aeronaves não tripuladas, mas que nos lembram dos seres humanos que caminham pela terra sem consciência nem bússola. Pois agora existem outros drones sobre a terra — feitos de carne e osso — controlados por trás de telas e plataformas, onde os botões das mentes são pressionados e reprogramados em silêncio e com astúcia. Ambos — a máquina e o ser humano — são controlados, mas o segundo é mais perigoso, porque assassina a mente antes do corpo, apaga a consciência antes da vida e mira nos jovens antes dos velhos — porque são o alvo mais precioso.
Aos poucos, o homem moderno transformou-se em um drone humano, guiado por uma torre virtual invisível chamada “algoritmo”. As ordens lhe chegam em forma de notificações no celular ou no dispositivo que utiliza, e ele muda de direção como o drone que altera sua rota ao receber um comando. Irrita-se quando mandam, aplaude quando pedem que aplauda e fala com a voz de outro acreditando ser a sua própria. Tornou-se meio máquina e meio humano — uma mistura de carne e sinal, de emoção programada e comportamento dirigido.
Quando um drone lança seu míssil ou se choca, causa uma destruição visível. Já o drone humano, quando lança uma palavra, causa uma destruição invisível — uma explosão nos valores e princípios, deixando cinzas nas almas, estilhaços nas mentes e escombros de caos moral. Ele atravessa as paredes das casas, destrói os túneis da privacidade e transforma os jovens em soldados virtuais não pagos — empunhando bandeiras de destruição enquanto acreditam estar construindo glória. O drone metálico precisa de energia para voar; o drone humano precisa apenas de uma “ignorância suave” que torne seus corações vazios como o ar.
Parece que o mundo inteiro se transformou em uma única sala de controle — gerida por uma ideologia, um plano e uma estratégia — e que todos nós somos pequenas aeronaves voando em rotas traçadas, incapazes de bater uma única asa fora desses limites. Quem controla a mídia controla o céu; quem controla os dados controla as mentes; e quem controla ambos — aí reside todo o perigo.
Mas a pergunta que se impõe é: como proteger nossos filhos e nossas sociedades de se tornarem mais uma frota de drones humanos? Como devolver-lhes o sistema de navegação interior que lhes foi roubado?
A resposta começa com uma educação consciente — que ensine a criança a perguntar antes de acreditar, verificar antes de compartilhar e pensar antes de julgar. Precisamos de instituições e organizações que desenvolvam o pensamento crítico, de uma mídia que liberte em vez de programar, e de famílias que ensinem seus filhos a distinguir entre a voz verdadeira e o ruído da imitação, entre os púlpitos livres e os discursos fabricados. A consciência não é dada — ela se constrói com experiência, reflexão e questionamento.
Depois vem o exemplo vivo, pois as sociedades não mudam apenas com sermões, mas com modelos reais. Quando uma geração vê pessoas que pensam com liberdade, falam com responsabilidade e recusam a obediência cega, aprende que a liberdade não está em quebrar correntes, mas em entender quem as forjou e por quê.
E, por fim, devemos ensinar nossos filhos que controlar a si mesmo é maior do que controlar uma máquina. Uma única pessoa pode criar centenas de máquinas — mas milhares de máquinas não podem criar um único ser humano. Nem toda guerra é travada com armas; algumas são travadas com mentes. O verdadeiro vencedor é aquele que mantém o controle do seu próprio interior — independente, imune às manipulações e distorções.
Salvar uma geração não virá de fechar os céus — mas de iluminar as mentes. Pois quando o ser humano aprende a voar com consciência, ninguém mais poderá controlá-lo ou derrubá-lo.
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