O Grupo de Esquerda do Parlamento Europeu acusou a União Europeia na terça-feira de não se posicionar claramente sobre a “insuportável” guerra genocida na Faixa de Gaza, relata a Anadolu.
O grupo instou o bloco a agir em prol da paz e da ajuda humanitária.
Em entrevista coletiva em Estrasburgo, Martin Schirdewan, copresidente do grupo A Esquerda, afirmou que a UE permaneceu passiva, apesar da piora das condições em Gaza.
“A guerra já dura dois anos e a UE está à margem há tempo demais. Parece que não conseguimos tomar uma posição”, afirmou.
Ele afirmou que a UE deve desempenhar “um papel fundamental na região”, exigindo paz e proteção dos civis, enfatizando que o bloco tem o “dever” de usar sua influência para interromper o conflito.
“É nosso dever apelar ao governo Netanyahu, não apenas (para dizer) que isso é uma violação dos direitos humanos, mas para usar tudo o que temos em nosso poder para pôr fim a esta guerra”, acrescentou.
Schirdewan reiterou a demanda do grupo por um cessar-fogo para permitir a entrada de ajuda humanitária em Gaza e aliviar o sofrimento dos civis.
A copresidente Manon Aubry criticou duramente a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, por sua “covardia” e inação em Gaza. “Ursula von der Leyen precisa ir embora. Ela precisa ir embora porque é cúmplice do genocídio em Gaza devido à sua covardia e à sua falta de ação.”
Aubry rejeitou o plano de cessar-fogo do presidente dos EUA, Donald Trump, para Gaza, classificando-o como um “plano neocolonial” que perpetuaria a ocupação israelense.
“Este plano não tem pernas para andar. É instável. Não há um plano para a retirada do exército israelense, e isso abre caminho para uma ocupação perpétua do território de Gaza por Israel”, disse ela.
Trump revelou uma proposta de 20 pontos em 29 de setembro, que inclui a libertação de todos os prisioneiros israelenses em troca de prisioneiros palestinos, um cessar-fogo, o desarmamento do Hamas e a reconstrução de Gaza.
Ela alertou que o plano dá “carta branca” ao primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu para continuar “o genocídio e terminar o trabalho” e acusou a UE de “silêncio e cumplicidade” ao apoiá-lo.
“A UE deveria estar fazendo aquilo que não tem escolha a não ser fazer, que é um embargo de armas, um embargo comercial e o respeito ao mandato do Tribunal Penal Internacional”, acrescentou.
O Grupo de Esquerda apresentou uma moção de censura contra von der Leyen, acusando a Comissão Europeia de inação e apoio a Israel durante a guerra genocida de dois anos. A moção será submetida a votação na sessão plenária do Parlamento Europeu em Estrasburgo, em 9 de outubro.
Desde outubro de 2023, o exército israelense matou mais de 67.100 palestinos, a maioria mulheres e crianças, em um ataque brutal em Gaza. O bombardeio implacável tornou o enclave praticamente inabitável e levou ao deslocamento em massa, à fome e à proliferação de doenças.








