clear

Criando novas perspectivas desde 2019

Espanha sugere boicote à Copa do Mundo, caso Israel se classifique

21 de setembro de 2025, às 09h26

Patxi López, presidente do parlamento espanhol, em Madrid, em 12 de dezembro de 2023 [Burak Akbulut/Agência Anadolu]

Oficiais espanhóis indicaram boicote à Copa do Mundo FIFA de 2026, sediada por México, Canadá e Estados Unidos, caso Israel participe do torneio.

Segundo jornal esportivo Marca, Patxi López, porta-voz do bloco socialista no Congresso, deixou aberta a possibilidade de retirar a seleção nacional da Espanha, campeã em 2010, do evento, em protesto ao genocídio israelense em Gaza.

López traçou vínculos entre o compromisso desportivo e político. “Israel está invadindo Gaza por terra e isso requer resposta. A vasta maioria da sociedade espanhola não tolera mais as imagens diárias do noticiário, em meio a uma silêncio cúmplice”.

A Espanha é favorita nas apostas para ganhar o troféu — presenteado recentemente pelo chefe da FIFA, Gianni Infantino, ao presidente americano Donald Trump, em encontro na Casa Branca.

A seleção espanhola deve se classificar, ao vencer duas das duas partidas classificatórias até então.

Israel está hoje em terceiro lugar de seu grupo, empatada em pontos com a tetracampeã Itália, a caminho da repescagem. A Noruega tem seis pontos de vantagem, na liderança, com três jogos ainda restantes.

Nas eliminatórias europeias — disputadas por Israel como colônia, apesar de localização geográfica na Ásia —, apenas o vencedor do grupo se qualifica automaticamente; o vice depende dos resultados dos outros chaveamentos.

A Espanha assumiu vanguarda europeia na condenação do genocídio em Gaza, incluindo sanções, embargo militar e reconhecimento de um Estado palestino, ao lado de Irlanda e Noruega.

O primeiro-ministro Pedro Sánchez reivindicou que Israel seja banido das competições da FIFA e da UEFA. Nesta semana, Sánchez sugeriu tratamento igual à Rússia, em resposta rápida das instituições à invasão da Ucrânia.

Para o premiê, “Israel não pode continuar a usar plataformas internacionais para encobrir seus crimes”.

Pilar Alegria, ministra dos Esportes, ecoou o chamado, ao reiterar que o setor “não é e não pode ser uma ilha separada de tudo que ocorre no mundo, sobretudo em um mundo que se mostra destruindo os direitos humanos”.

As declarações sucedem em pouco um alerta de Madrid de que deve boicotar também o Festival Eurovision de Canção, caso se mantenha a participação de Israel.

Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza desde outubro de 2023, com ao menos 65 mil mortos, 165 mil feridos e dois milhões de desabrigados, sob cerco, destruição e fome. Dentre as mortes, ao menos dezoito mil são crianças.

Em novembro, o Tribunal Penal Internacional (TPI), com sede em Haia, emitiu mandados de prisão contra o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, e seu ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes de guerra e lesa-humanidade em Gaza.

Israel é ainda réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), também em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.

LEIA: Comissão Europeia sugere congelar comércio com Israel, que ameaça retaliação