clear

Criando novas perspectivas desde 2019

Presidente croata condena visita de chanceler israelense, ao citar crimes em Gaza

10 de setembro de 2025, às 16h01

Presidente da Croácia, Zoran Milanovic, em Zagreb, 25 de janeiro de 2022 [Stipe Majic/Agência Anadolu]

O presidente da Croácia, Zoran Milanovic, recusou-se nesta terça-feira (9) a se reunir com o ministro de Relações Exteriores de Israel, Gideon Saar, em visita oficial a Zagreb, ao citar a campanha em curso na Faixa de Gaza.

As informações são da agência de notícias Anadolu.

Milanovic afirmou nas redes sociais não entender a razão da visita de Saar, tampouco por que o primeiro-ministro Andrej Plenkovic, seu chanceler Gordan Grlic Radman e o líder do parlamento Gordan Jandrokovic decidiram encontrá-lo.

Para Milanovic, recebê-lo é “inaceitável”, em meio ao “genocídio contra o povo de Gaza”.

“Aceitar me reunir com alguém de seu governo seria aceitar a violência, a limpeza étnica e os crimes de guerra cometidos por Israel”, reiterou Milanovic.

O presidente criticou ainda políticos croatas por manterem apoio a enviados israelenses, em vez de aderir à onda ocidental de reconhecimento do Estado palestino.

Sobre analogias de cunho ideológico, observou: “Comparar a campanha israelense com a guerra da Croácia na década de 1990 é um tremendo erro. A Croácia de fato se defendia. Israel ataca brutalmente Gaza e mata dezenas de milhares de civis”.

Saar se deparou com protestos na capital, antes de seu encontro com Plenkovic.

A viagem integra esforços de Israel para romper a tendência de isolamento internacional, sobretudo após Estados europeus assumirem medidas e promessas para reconhecer um Estado palestino ou impor sanções à ocupação.

Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza há quase dois anos, com ao menos 63 mil mortos e dois milhões de desabrigados, sob cerco, destruição e fome. Dentre as mortes, ao menos dezoito mil são crianças.

Em novembro, o Tribunal Penal Internacional (TPI), com sede em Haia, emitiu mandados de prisão contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e seu ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes de guerra e lesa-humanidade em Gaza.

O Estado israelense é réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), também em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024. Governos e companhias podem ser implicadas como cúmplices ao longo do processo.