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Hamas admite cinco membros mortos em Doha, mas negociadores sobrevivem

10 de setembro de 2025, às 15h56

Fumaça toma orla de Doha, capital do Catar, sob ataques de Israel, em 9 de setembro de 2025 [Reprodução/Agência Anadolu]

O movimento palestino Hamas confirmou nesta terça-feira (9) que cinco membros de sua ala política foram mortos por um ataque israelense a Doha, capital do Catar, mas reiterou que não houve baixas entre a equipe de negociação.

As informações são da agência de notícias Anadolu.

Em nota, o grupo condenou a ação como “crime hediondo”, ao ressaltar, contudo, que “o inimigo falhou em assassinar nossos irmãos da equipe de negociação”.

O Hamas identificou seus filiados mortos como Hammam al-Hayya, filho de um de seus líderes políticos, Khalil al-Hayya; seu chefe de gabinete, Jihad Lubad, e três assessores: Abdullah Abdel Wahid, Moamen Hassouna e Ahmed al-Mamlouk.

O grupo mencionou ainda um segurança catari morto pelo ataque.

“Responsabilizamos a ocupação israelense e a gestão dos Estados Unidos por mais este crime, por conta do constante apoio de Washington às agressões e crimes contra o nosso povo e nossos irmãos”, enfatizou a nota.

Para o movimento palestino, trata-se de “agressão contra a soberania do Estado-irmão do Catar, que, junto do Egito, exerce um papel responsável e importantíssimo em promover os esforços de mediação por um cessar-fogo e troca de prisioneiros”.

O ataque, observou, coincidiu com discussões de seus negociadores, junto a mediadores cataris, sobre a mais recente proposta de cessar-fogo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Segundo o Hamas, o incidente demonstra que o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, “não tem intenção de chegar a qualquer acordo e busca minar deliberadamente todas as chances, oportunidades e esforços internacionais”.

Ademais, “comprova que a ocupação é uma grave ameaça à região e ao mundo”.

Todavia, indicou que “as tentativas de assassinato, covardes, não mudarão as demandas pelo fim imediato da agressão contra o povo palestino, bem como retirada do exército da ocupação de Gaza, troca de prisioneiros, assistência urgente e reconstrução”.

“Esses crimes terroristas não abaterão nossa determinação, tampouco nos distrairão de mantermos firmes nossos direitos nacionais e o caminho da resistência, até que acabe a ocupação e a independência do Estado palestino”.

Explosões abalaram Doha, capital do Catar, nesta terça. Tel Aviv reivindicou as explosões, ao admitir tentativa de assassinato de políticos do Hamas, ligados às negociações. Trata-se de uma agressão inédita ao Catar, regime do Golfo ligado ao Ocidente.

A escalada ocorre no contexto ao genocídio em Gaza — que se aproxima de seu segundo aniversário —, bem como avanços coloniais na Cisjordânia e bombardeios israelenses a Líbano, Iêmen, Síria e, mais recentemente, Irã.

Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza há quase dois anos, com ao menos 63 mil mortos e dois milhões de desabrigados, sob cerco, destruição e fome. Dentre as mortes, ao menos dezoito mil são crianças.

Em novembro, o Tribunal Penal Internacional (TPI), com sede em Haia, emitiu mandados de prisão contra Netanyahu e o ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes de guerra e lesa-humanidade cometidos em Gaza.

O Estado israelense é réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), também em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.