Na 30ª Marcha Nacional pela Palestina, no Reino Unido, mais de 300 mil pessoas lotaram o coração de Londres, neste sábado (6), em um das maiores mobilizações da cidade em décadas. A iniciativa se somou ao Dia de Ação Global por Gaza, pelo fim do genocídio.
Da Praça Russell a Whitehall, as ruas se converteram em um mar de bandeiras, cartazes e cantos por um cessar-fogo permanente, fim do cerco israelense e justiça pelos crimes de guerra e lesa-humanidade cometidos contra o povo palestino.
A escala do protesto refletiu um senso de urgência e indignação diante da devastação em Gaza, com 64 mil mortos — ao menos 18 mil, crianças — e dois milhões de desabrigados, sob cerco, destruição e fome.
Manifestantes realizaram vigílias, exibiram os nomes das vítimas e organizaram instantes de silêncio, ainda além de suas palavras de ordem. Outros pintaram as ruas, com arte de protesto, para manter a dor de Gaza na memória global.
Ben Gamal da Campanha de Solidariedade Palestina observou no início do ato: “Estamos aqui na Praça Russell. Estamos prestes a marchar pela 30ª vez desde que Israel deflagrou seu genocídio contra o povo palestino. Marchamos neste momento, em que o movimento de solidariedade global e o movimento por boicote, desinvestimento e sanções tornaram Israel mais isolado do que nunca. Ainda assim, nosso governo permanece comprometido em ser não apenas cúmplice do genocídio, mas participante ativo”.
Lindsey German da Coalizão Stop The War condenou o encontro do presidente de Israel, Isaac Herzog, com ministros britânicos na quinta-feira (4): “O que é que este governo não consegue entender sobre o genocídio? Por que é que pensam que é de bom tom se reunir com Isaac Herzog neste momento? Deveria ser preso, em vez disso, pessoas estão sendo presas hoje, por protestar contra seu genocídio”.
Faris Amer do Fórum Palestino na Grã-Bretanha acrescentou: “Testemunhamos o exército terrorista de Israel varrer do mapa bairros inteiros, e destruir torres e blocos residenciais, somente porque o povo de Gaza se recusa a desistir da vida, enquanto Israel rouba suas necessidades básicas — sem comida, água, teto e mesmo memórias, se puder”.
Ghassan Abu Sitta, médico, sobrevivente do genocídio, comoveu-se: “Enquanto estamos aqui, bombas ainda estão caindo sobre a cabeça das crianças. A comida se acumula nas fronteiras, impedida de passar pelos israelenses. Em resposta ao crime desumano, ainda em curso, de genocídio, o chefe-criminoso de guerra em Downing Street decide receber o presidente do Estado genocida de Israel. Como se todo o sangue palestino derramado não o impedisse de declarar seu apoio ao culto de morte do sionismo. Keir Starmer [primeiro-ministro] garante, mesmo agora, enquanto a solução final segue seu curso em Gaza, seu apoio resoluto a essa máquina de extermínio. Starmer está casado com o genocídio tanto quanto Benjamin Netanyahu está casado com este genocídio”.
A marcha atraiu vozes de diversos nichos. Parlamentares participaram, incluindo Jeremy Corbyn, Zarah Sultana e Apsana Begum, além de líderes sindicais, como Jo Grady e Sarah Kilpatrick, presidente do Sindicato Nacional da Educação.
O protesto ecoou um chamado internacional, de Paris e Nova York a Joanesburgo e Kuala Lumpur, atendido por milhões que tomaram as ruas pelo fim do genocídio. Segundo nota, vinte e seis países nos seis continentes atenderam aos protestos.
Para organizadores, trata-se de uma declaração de recusa em silenciar frente a opressão. “Silêncio é cumplicidade”, declarou um ativista à multidão, “e a história vai lembrar onde que o mundo esteve enquanto Gaza queimava”.
A Aliança Global pela Palestina, que chamou as atividades, pediu continuidade das ações para manter pressão a governos e instituições que — direta ou indiretamente — viabilizam o genocídio e a ocupação israelenses na Palestina.
Para os manifestantes, incluindo lideranças, a luta continua, após um vislumbre, nas ruas de Londres, de uma onda crescente de consciência dos povos.








