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Palestinos sofrem limpeza étnica na Cisjordânia ocupada, alerta MSF

6 de setembro de 2025, às 06h11

Colonos extremistas, sob escolta militar israelense, tomam casa da família Nasir al-Din na Cidade Velha de Hebron, na Cisjordânia ocupada, em 2 de setembro de 2025 [Amer Shallodi/Agência Anadolu]

A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) alertou nesta quinta-feira (4) que palestinos na Cisjordânia ocupada estão vivenciando deslocamento à força por ações de colonos e soldados israelenses, equivalentes a limpeza étnica.

Em nota, a MSF destacou que as políticas israelenses para anexação ilegal da Cisjordânia constituem grave violação da lei internacional.

Segundo a ong, suas equipes testemunharam e documentaram políticas e práticas, ao longo do ano corrente, “abertamente projetadas para remover os palestinos de suas terras e impedir qualquer possibilidade de retorno”.

Para a MSF, “dar fim à ocupação permanece como a única forma de aliviar o duro sofrimento dos palestinos”.

O grupo humanitário instou ainda Estados Unidos, União Europeia e a comunidade internacional como um todo a aplicar pressão real a Israel pelo fim das práticas de deslocamento e ocupação ilegal.

O alerta sucedeu em um dia novas promessas do ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, se anexar 82% da Cisjordânia, para impossibilitar o estabelecimento de um Estado palestino.

Nesta semana, Emirados Árabes Unidos — que mantêm relações com Israel desde 2020 — advertiram que a anexação seria uma “linha vermelha” e risco à “integração regional”. Segundo relatos, o primeiro-ministro israelense prorrogou a agenda por conta do alerta emiradense.

Em preparação para a anexação, Israel intensificou incursões e pogroms na Cisjordânia, em paralelo a seu genocídio na Faixa de Gaza.

Desde outubro de 2023, são ao menos 1.017 mortos por Israel na Cisjordânia, sete mil feridos e 18.500 detidos.

Em julho de 2024, o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), com sede em Haia, reconheceu a ilegalidade da ocupação na Cisjordânia e Jerusalém Oriental, ao reivindicar evacuação imediata de colonos e soldados, bem como reparação aos nativos.

Em setembro, a medida avançou a resolução da Assembleia Geral, com maioria absoluta dos votos e prazo de um ano para ser implementada. À véspera da nova edição da cúpula, porém, não há indícios de aquiescência de Israel.