Antes de ser morta por um duplo ataque israelense ao Hospital Nasser de Khan Younis, no sul de Gaza, nesta segunda-feira (25), a jornalista palestina Mariam Abu Daqqa deixou um testamento comovente a seu único filho.
Na mensagem, publicada pela agência palestina Wafa, escreveu Abu Daqqa: “Quero que ore por mim, mas que não chore por mim, e serei feliz. Quero que mantenha sua cabeça erguida, que se torne um homem distinto e bem sucedido”.
“Meu filho amado”, acrescentou, “não se esqueça de mim. Eu fiz tudo por você, para que seja feliz, cresça, tenha uma família e dê a sua filha meu nome, Mariam”.
“Você é meu amor, meu coração, minha alma, meu filho”, concluiu. “Confio isso a você, a suas preces, e mais preces e mais preces. Sua mãe, Mariam”.
Abu Daqqa esteve entre os seis repórteres assassinados por Israel em Khan Younis nesta segunda, cinco no complexo de saúde.
Como fotojornalista, colaborava com várias agências árabes e internacionais, sobretudo Associated Press, mas também Independent Arabia e MEMO.
Trabalhadores de imprensa são categoria protegida pela lei internacional. No entanto, são cerca de 246 mortos desde outubro de 2023, segundo dados oficiais.
O regime israelense trata comunicação como parte crucial de sua política de propaganda de guerra, em detrimento dos direitos da liberdade de imprensa, assim como dos direitos do público a transparência e informação.
Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza há quase dois anos, com ao menos 62 mil mortos, 155 mil feridos e dois milhões de desabrigados, sob destruição e fome. Dentre as vítimas fatais, dezoito mil são crianças.
Em novembro, o Tribunal Penal Internacional (TPI), com sede em Haia, emitiu mandados de prisão contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e seu ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes de guerra e lesa-humanidade em Gaza.
O Estado israelense é ainda réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), também em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.








