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Clínica de desnutrição sofre superlotação severa, alerta médico de Gaza

23 de agosto de 2025, às 13h24

Criança palestina sobre de desnutrição severa em tenda de refugiados na Cidade de Gaza, em 20 de agosto de 2025 [Abdalhkem Abu Riash/Agência Anadolu]

Ahmed al-Farra, diretor do Centro Maternidade e Pediátrico Tahrir, no Hospital Nasser, em Gaza, alertou neste sábado (23) para severa superlotação em sua clínica, à medida que a fome sob cerco israelense atinge uma “fase crítica”.

Al-Farra apareceu em vídeo divulgado pelo Ministério da Saúde que registrou a crise. O médico notou que sua clínica — que consegue operar apenas dois dias por semana — está recebendo três ou quatro vezes a capacidade esperada de pacientes.

“Para cada dia em que estamos abertos, diagnosticamos não menos que 52 casos”, observou.

Al-Farra citou um paciente de 18 meses, com desnutrição aguda, pesando apenas 5.8 quilogramas, comparado a uma média de 11 a 12 quilogramas para a idade. Segundo o médico, a criança perdeu gordura subcutânea e massa muscular, tornando-se “como um esqueleto coberto de pele”;

O médico reiterou que a situação de saúde e humanitária em Gaza é “catastrófica”, ao notar que o território entrou no que descreveu como “fase decisiva da fome”.

Nesta sexta-feira (22), a Classificação Integrada de Fases de Segurança Alimentar (IPC, em inglês) —mecanismo que reúne ongs e agências das Nações Unidas — confirmou fome de massa na Cidade de Gaza, projetada a chegar em Deir al-Balah e Khan Younis nas próximas semanas.

Segundo dados oficiais, mortes por fome em Gaza somam 281 vítimas desde outubro de 2023, incluindo ao menos 114 crianças.

O regime israelense mantém ataques indiscriminados a Gaza desde outubro de 2023, com ao menos 62.300 mortos e dois milhões de desabrigados, sob cerco e destruição. Dentre as fatalidades, dezoito mil são crianças.

Em novembro, o Tribunal Penal Internacional (TPI), sediado em Haia, emitiu mandados de prisão ao primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu e o ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes de guerra e lesa-humanidade conduzidos em Gaza.

O Estado israelense é ainda réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), também em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.