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Israel planeja cortar água do norte de Gaza para coagir deslocamento

22 de agosto de 2025, às 15h33

Palestinos, incluindo crianças, buscam água potável na Mesquita al-Shafi, sob ataques de Israel, em Khan Younis, Gaza, em 16 de agosto de 2025 [Abed Rahim Khatib/Agência Anadolu]

O governo israelense está avaliando corte no abastecimento de água à população civil no norte de Gaza, como preparativo ao deslocamento compulsório de palestinos da cidade homônima, alvejada por um plano de ocupação deferido na última semana.

Conforme a rádio israelense Kan, nesta quinta-feira (21), “como parte dos preparativos de Tel Aviv para deslocar centenas de milhares de palestinos da Cidade de Gaza, o governo está estudando redução [sic] no volume de água enviado à região norte, junto de restauro de duas redes de encanamento na porção sul”.

Segundo as informações, a medida requer agora aprovação do gabinete.

A ação é parte de uma campanha denunciada como uso da água como arma de guerra, bem como alimentos e medicamentos sob cerco militar intensivo.

Desde janeiro, Israel mantém corte no suprimento de água da companhia Mekorot — com contratos com a Sabesp no Brasil —, no que o governo de Gaza descreve como “principal fonte de recursos às províncias da região”.

Para a organização Médicos Sem Fronteiras (MSF), após 22 meses de genocídio, o volume hídrico disponível a Gaza é “absolutamente insuficiente”, com 7.5 litros diários per capita, quando muito — muito abaixo das demandas de emergência.

A ong notou ainda destruição por Israel da infraestrutura hídrica, incluindo operações que tornaram o sistema de dessalinização do enclave inoperante. A falta d’água implica ainda doenças preveníveis, incluindo difteria e sarna.

Em Gaza, são 62 mil mortos e dois milhões de desabrigados sob sítio militar e destruição generalizada. Nesta quinta, as condições em Gaza foram declaradas oficialmente como fome endêmica por indicadores filiados às Nações Unidas.

Em novembro, o Tribunal Penal Internacional (TPI), sediado em Haia, emitiu mandados de prisão ao primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e seu ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes de guerra e lesa-humanidade em Gaza.

O Estado israelense é ainda réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), também em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.