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Palestina soa alarme sobre campanha de Israel contra igrejas da região

20 de agosto de 2025, às 15h44

Patriarca de Jerusalém, Teófilo III, durante procissão do Natal ortodoxo na Basílica da Natividade, em Belém, na Cisjordânia ocupada, em 6 de janeiro de 2025 [Mamoun Wazwaz/Apaimages]

O Alto Comitê Presidencial para Assuntos Eclesiásticos da Palestina alertou na sexta-feira (15) contra uma “campanha sistêmica” de colonos e soldados israelenses nos territórios ocupados, no intuito de “erradicar a presença cristã” em toda a região.

As informações são da agência de notícias Anadolu.

A agência apontou a “ataques sem precedentes a igrejas da Terra Santa, encabeçado por uma agressão direta ao Patriarcado Ortodoxo de Jerusalém”.

“Tais ações são parte de uma política cujo objetivo é aniquilar a presença cristã originária na Palestina e privá-la de suas instituições religiosas históricas”, destacou a nota.

Na quinta-feira (14), autoridades ocupantes congelaram contas bancárias do Patriarcado, “impondo impostos injustos e debilitantes sobre suas propriedades”

“Medidas como essas ameaçam gravemente a capacidade da igreja de fornecer serviços espirituais, humanitários e comunitários, como violação flagrante do status quo histórico, da lei internacional e de acordos vinculativos”, apontou Ramzi Khouri, chefe da comissão, em carta endereçada a congregações globais.

“Os ataques, no entanto, vão além da asfixia fiscal”, acrescentou.

“Terras da Igreja Ortodoxa em torno do Monastério de São Gerâsimo (Deir Hijleh), perto de Jericó, seguem alvejadas por agressiva expansão colonial”, reiterou Khouri. “Nos últimos dois anos, novos postos avançados foram instalados na área, como ameaça a seu caráter sacro e parte de um plano para apagar da Palestina sua identidade cristã”.

O comitê observou também que “tais práticas coincidem com uma política abrangente da ocupação, voltada a alterar a identidade de Jerusalém, erradicar seus elementos culturais e, em último caso, eliminar a presença palestina da cidade”.

A carta concluiu com um apelo urgente a igrejas e entidades cristãs em todo o globo, para “assumir ações imediatas em âmbito político, legal e midiático, para dar fim às violações, bem como defender a liberdade da igreja de cumprir sua missão”.

“Proteger as igrejas da Palestina é uma responsabilidade histórica coletiva”, pontuou.

Nos últimos anos, em particular no contexto do genocídio em Gaza, autoridades de Israel intensificaram medidas tributárias e repressivas contra igrejas de Jerusalém, assim como de cidades ancestrais da Cisjordânia ocupada.

Ações institucionais se somam a pogroms de colonos ilegais, sob escolta militar, contra comunidades palestinas nativas, tanto cristãs quanto muçulmanas.

Igrejas denunciam ainda expropriação de propriedades, incluindo no Portão de Jaffa (Bab al-Khalil), na Cidade Velha de Jerusalém.

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