O Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos reportou nesta terça-feira (19) que ao menos 1.857 palestinos foram mortos enquanto tentavam obter socorro alimentar em Gaza nos últimos três meses, à medida que o cerco israelense degrada cada vez mais as condições humanitárias.
As informações são da agência de notícias Anadolu.
“Chegar aos parcos suprimentos disponíveis é uma jornada mortal”, ressaltou o porta-voz da agência Thameen al-Kheetan a jornalistas em Genebra.
Conforme seu relato, entre 27 de maio e 17 de agosto, o escritório documentou ao menos 1.021 palestinos mortos nos arredores de postos assistenciais da Fundação Humanitária de Gaza (GHF), sistema israelo-americano imposto em lugar de estruturas estabelecidas da ONU. Outros 836 foram mortos em rota a caminhões humanitários.
“A maioria das mortes, tudo indica, foi cometida pelo exército de Israel”, acrescentou.
Al-Kheetan notou que “a ameaça de morte está em toda parte em Gaza”, como “resultado direto da política israelense de obstruir a assistência humanitária”.
“Nas semanas recentes, autoridades israelenses permitiram a entrada de assistência em quantidades que permanecem muito abaixo do que seria necessário para prevenir a fome generalizada”, reiterou al-Kheetan.
O porta-voz observou ainda que centenas de milhares de palestinos, deslocados à região de al-Mawasi, perto de Khan Younis, no sul de Gaza, têm pouco ou nenhum acesso a bens essenciais, incluindo comida, água, eletricidade e tendas.
Neste sentido, al-Kheetan denunciou escalada de ataques do exército israelense no norte do enclave, com novas ordens de deslocamento compulsório da população.
Volter Turk, alto-comissário, recordou o porta-voz, notou que os planos israelenses para a ocupação plena da Cidade de Gaza, aprovados pelo governo e ratificados pelo exército na última semana, “devem ser suspensos imediatamente”.
Al-Kheetan apontou que o plano constitui “enorme risco” a civis, incluindo deslocamento, morte e miséria.
Sobre um vídeo divulgado pelo ministro de Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben-Gvir, observou: “O registro do ministro … assediando o líder palestino Marwan Barghouti, face a face, dentro de uma cadeia israelense, é inaceitável. Seu comportamento é um ataque à dignidade de Barghouti”.
Israel ignora apelos internacionais ao manter ataques indiscriminados aos palestinos de Gaza há quase dois anos, com ao menos 62 mil mortos e dois milhões de desabrigados, sob cerco, destruição e fome. Entre as fatalidades, dezoito mil são crianças.
O Estado israelense é réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), radicado em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.
LEIA: Hamas revela termos do cessar-fogo em Gaza, nega condições de desarmamento








