Tom Fletcher, subsecretário-geral para Assuntos Humanitários das Nações Unidas, emitiu em nota dados sobre a morte de trabalhadores humanitários em todo o mundo, no último ano, nesta terça-feira (19) — Dia Mundial Humanitário.
Ao ressaltar “um indício vergonhoso da inação e apatia internacionais”, Fletcher reportou ao menos 383 mortes entre a categoria no período, metade em Gaza.
“Mesmo um único ataque a um colega humanitário é um ataque a todos nós e às pessoas que servimos”, insistiu o oficial. “Ataques nessa escala, sem nenhuma responsabilização, são um início vergonhoso da inação e apatia internacionais”.
“Nós da comunidade humanitária exigimos — mais outra vez — que aqueles com poder e influência ajam com humanidade, protejam civis e trabalhadores assistenciais e levem os perpetradores à justiça”, acrescentou Fletcher.
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a maioria dos mortos eram agentes locais, atacados em serviço ou mesmo em suas casas.
O Banco de Dados de Segurança sobre a matéria, compilado pela ONU desde 1997, nota 293 mortes em 2023 — aumento de 31% a 2024, sobretudo por “conflitos implacáveis em Gaza, com 181 mortes, e no Sudão, onde 60 perderam suas vidas”.
Números preliminares para 2025, até 14 de agosto, já mensuram ao menos 265 mortos na categoria.
Um dos ataques mais letais incidiu a Rafah, no extremo sul de Gaza, quando soldados da ocupação israelense abriram fogo logo antes do amanhecer, em 23 de março, matando 15 paramédicos e agentes de resgate, que viajavam em veículos marcados.
Tratores israelenses então soterraram os corpos e veículos em uma cova coletiva. Apenas uma semana depois, equipes da ONU localizaram as vítimas.
As Nações Unidas reiteraram que ataques a equipes e operações humanitárias constituem violação da lei internacional, ao minar grupos protegidos e linhas vitais que sustentam milhões de vulneráveis, em zonas de desastre e guerra.
No Líbano, também assolado por ataques de Israel, vinte agentes assistenciais foram mortos — nenhum em 2023.
Etiópia e Síria dobraram seu índice a 14 mortes cada, seguidos por Ucrânia, sob invasão da Rússia, com 13 fatalidades — seis a mais do que no ano anterior.
A Organização Mundial da Saúde (OMS), por sua vez, documentou ao menos 800 ataques a agentes de saúde em 16 territórios desde janeiro, com ao menos 1.110 mortos e feridos entre trabalhadores e pacientes.
Para a agência, “cada ataque infringe um dano duradouro, priva comunidades inteiras de cuidados essenciais, quando mais precisam, e impõe risco àqueles que provém cuidados de saúde, além de degradar ainda mais sistemas já debilitados”.
O Dia Mundial Humanitário recorda a data de 2003 quando o diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Mello, então Alto-Comissário para os Direitos Humanos da ONU, foi morto com 21 colegas, em um atentado em Bagdá, no Iraque.
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