clear

Criando novas perspectivas desde 2019

Netanyahu ameaça bombardear Gaza ‘como Dresden’, na Alemanha

15 de agosto de 2025, às 07h39

Primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, em Jerusalém ocupada, em 13 de agosto de 2025 [Ronen Zvulun/AFP/Getty Images]

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, voltou a proferir declarações de dolo de crimes de guerra e lesa-humanidade nesta quarta-feira (13), ao ameaçar bombardear Gaza “como Dresden”, cidade alemã destruída ao fim da Segunda Guerra Mundial.

Seus comentários foram feitos à rede extremista americana Newsmax.

Questionado por que o exército israelense “não varre o Hamas e Gaza do mapa”, retrucou o premiê: “Podemos bombardeá-los como os Aliados fizeram com Dresden, ou podemos matá-los de fome, como dizem, mas essas são mentiras contra Israel [sic], e não sobraria ninguém vivo”.

Netanyahu reconheceu, no entanto, erros de segurança e inteligência em 7 de outubro de 2023, durante a operação transfronteiriça do movimento palestino Hamas, que capturou colonos e soldados. Ainda assim, repassou a culpa a lideranças militares.

No início da conversa, Netanyahu insistiu que Israel trava uma guerra em oito fronts, sete dos quais contra Irã e supostos aliados; o oitavo, em “uma batalha pela verdade”.

Sobre a guerra em Gaza, o primeiro-ministro reiterou negacionismo sobre a fome, apesar das imagens de crianças e adultos gravemente desnutridos que circularam o mundo, bem como sucessivos dossiês de ongs e agências das Nações Unidas.

Netanyahu insistiu na falácia de que suas tropas separam civis de combatentes, embora declarações prévias tenha reivindicado extermínio total da população de Gaza.

Dresden foi bombardeada por baterias incendiárias de 13 a 15 de fevereiro de 1945, pelas aeronáuticas britânica e americana, com cerca de 25 mil mortos, sobretudo civis, como demonstração de força frente aos rápidos avanços soviéticos contra os nazistas.

Em seu romance Matadouro Cinco, ou as Cruzadas das Crianças, o autor americano Kurt Vonnegut — então prisioneiro de guerra em Dresden, durante o bombardeio — descreveu a paisagem, posterior aos ataques, como “superfície da lua”.

Israel ignora apelos internacionais por cessar-fogo, ao manter ataques indiscriminados a Gaza, com ao menos 62 mil mortos, 155 mil feridos e dois milhões de desabrigados, sob cerco, destruição e fome.

Netanyahu é foragido em 120 países, sob mandado de prisão emitido em novembro pelo Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia, por crimes de guerra e contra a humanidade conduzidos em Gaza.

O Estado israelense é ainda réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), também em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.