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Gaza exige centenas de caminhões por dia para combater a fome, reitera ONU

6 de agosto de 2025, às 13h04

Caminhões assistenciais passam por Rafah, no lado egípcio da fronteira de Gaza, em meio à fome, em 3 de agosto de 2025 [Ahmed Sayed/Agência Anadolu]

Jens Laerke, porta-voz do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), reiterou nesta terça-feira (5) que a escala da carência em Gaza sitiada é tamanha que é necessária a entrada de centenas de caminhões diariamente para combater a fome.

As informações são da agência de notícias Anadolu.

“A demanda em Gaza é tanta que são precisos centenas e centenas e centenas e centenas de caminhões”, alertou Laerke, durante coletiva de imprensa em Genebra. “Não apenas dia após dia, mas semana após semana, por meses, talvez anos por vir”.

“Espero que todos compreendam a magnitude da diferença entre esta ínfima quantidade de assistência que entrou recentemente — à qual muitos esperam aplausos e ‘muito obrigado’ — e as carências massivas que ali existem, onde as pessoas estão literalmente morrendo todos os dias”, acrescentou. “É fora de proporção”.

Laerke insistiu ainda que envio humanitário não basta para solucionar a crise.

“Temos milhares de toneladas de assistência, incluindo alimento, paradas na fronteira de Gaza, já pagas pelos doadores, que estes esperam chegar às pessoas carentes gratuitamente”, reafirmou. “É nosso trabalho fazê-lo, mas não estamos tendo a facilitação necessária para isso”.

‘Morrendo de fome’

Sob os ataques indiscriminados de Israel e bloqueio absoluto ao acesso humanitário, Gaza vive fome catastrófica, além de escassez crítica de água, medicamentos e suprimentos essenciais em geral.

Mortes por inanição, sobretudo entre crianças, aumentaram exponencialmente nas últimas semanas, com imagens que chocaram o mundo. Agentes locais e internacionais denunciam Israel por usar a fome e a sede como armas de extermínio.

O exército israelense destruiu 88% da infraestrutura civil e segue impondo sucessivas ordens de evacuação aos palestinos deslocados, muitos múltiplas vezes. Estima dois milhões de desabrigados.

Desde outubro de 2023, a campanha israelense — investigada como genocídio pelo Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), em Haia — deixou ao menos 60 mil mortos e 150 mil feridos. Entre as fatalidades, dezoito mil são crianças.