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Panelaço por Gaza: Ativistas realizam ato global contra fome de massa

25 de julho de 2025, às 12h58

Palestinos deslocados aguardam refeições no bairro de Rimal, na Cidade de Gaza, sob ataques de Israel, em 24 de julho de 2025 [Mahmoud Abu Hamda/Agência Anadolu]

Ativistas realizaram um “panelaço” em diversas cidades do mundo, em protesto contra o genocídio e a fome endêmica na Faixa de Gaza, causada pelo cerco de Israel.

A iniciativa — em inglês, Pot-Banging for Gaza — instou cidadãos solidários a baterem panelas em suas janelas e varandas, por dois a cinco minutos, para conscientizar seus concidadãos da crise humanitária no território palestino.

A manifestação se inspirou em um vídeo viral gravado na segunda-feira (21), no campo de refugiados de Nuseirate, no centro de Gaza, onde homens, mulheres e crianças com fome bateram suas panelas vazias pela abertura urgente das travessias.

Nesta semana, o Programa Alimentar Mundial (PAM) — agência das Nações Unidas — reiterou que uma entre três pessoas de Gaza não se alimentam há dias, com “milhares à margem de uma catástrofe de fome”.

Organizadores pediram aos participantes que registrem vídeos de suas ações, incluindo com bandeiras e lenços palestinos (keffiyehs), a serem compartilhados sob hashtags de protesto nos respectivos idiomas.

Panelaços ganharam popularidade durante a pandemia de covid-19, quando lockdowns impediam mobilizações nas ruas. 

“Este é um ato em que todos podem e devem participar — de dentro de casa”, reiterou o chamado, a ser renovado dia após dia, entre as 18 e 20 horas locais.

 

O chamado para 24 de julho foi disseminado pela jornalistas Bisan Owda, de Gaza. Em postagem, reafirmou Bisan: “Israel bloqueia comida, água e medicamentos por mais de cinco meses. É nosso mundo, não deles. Basta de opressão”. 

“O som de nossos estômagos vazios e da voz da humanidade será mais alto do que sua brutalidade”, acrescentou.

No Brasil, a manifestação se concentrou no centro cultural e restaurante Al Janiah, sob convocatória da Frente Palestina São Paulo. Ativistas ressaltaram demandas para que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva rompa relações com Tel Aviv.

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Panelas ressoaram também em Paris, Hamburgo e Reykjavik, na Islândia, bem como em estações de trem da Holanda e em frente aos consulados israelenses em Chicago e Los Angeles, entre outras cidades por todo o mundo.

 

Israel mantém ataques indiscriminados a Gaza desde outubro de 2023, com ao menos 59.500 mortos, 145 mil feridos e dois milhões de desabrigados, sob destruição, cerco e fome generalizada. As vítimas são, em maioria, mulheres e crianças.

Em novembro, o Tribunal Penal Internacional (TPI), sediado em Haia, emitiu mandados de prisão contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e o ex-ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes de guerra e lesa-humanidade em Gaza.

O Estado israelense é ainda réu por genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), também em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.

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