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Em repressão inédita, Israel prende três ortodoxos por rejeitarem serviço militar

23 de julho de 2025, às 14h50

Polícia israelense reprime protesto de judeus ortodoxos contra alistamento militar obrigatório, em Jerusalém ocupada, em 25 de fevereiro de 2025 [Mostafa Alkharouf/Agência Anadolu]

A polícia de Israel deteve nesta terça-feira (22) três cidadãos judeus ultraortodoxos que rejeitaram o recrutamento militar obrigatório, em repressão inédita pela questão. 

As informações são da agência de notícias Anadolu.

Os três participavam de um protesto na cidade central de Yehud, contra obras próximas a um cemitério local, confirmou o Canal 12 da televisão israelense. A polícia aproveitou a manifestação para detê-los e então encaminhá-los ao exército como desertores.

“Esta é a primeira vez que a polícia prende cidadãos haredim [ortodoxos] por deixarem de se alistar, ao rendê-los às forças militares”, declarou a emissora.

Um advogado dos rapazes corroborou indiciamento por evasão militar.

As prisões incitaram nova onda de indignação entre a comunidade ultraortodoxa, com líderes ameaçando protestos de massa e bloqueio nas estradas.

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Tensões sobre o serviço militar ortodoxo escalaram desde 25 de junho, após a Suprema Corte israelense exigir alistamento, sob risco de cortes no envio de recursos a escolas e instituições religiosas em caso de desacato de seus membros.

Judeus haredim são 13% da população israelense e insistem que seu estudo do Torá — como doutrina ideológica — constitui serviço ao Estado ocupante.

Partidos da oposição e da coalizão do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, contudo, insistem em legislações contrárias à isenção militar, sobretudo em contexto de diversas guerras na região, com destaque ao genocídio em Gaza.

No território palestino, a campanha israelense deixou 59 mil mortos e dois milhões de desabrigados até então, apesar de não conquistar seus objetivos declarados: libertação dos prisioneiros de guerra ainda em Gaza e destruição do grupo Hamas.

As operações israelenses são investigadas como genocídio no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.

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