A Organização das Nações Unidas (ONU) confirmou nesta segunda-feira (22) que 87.7% da Faixa de Gaza está inserida nas chamadas zonas militarizadas de Israel, submetida a ordens de deslocamento ou ambos, reportou a agência Anadolu.
Ao reiterar dados do Escritório para Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), o porta-voz da ONU Stephane Dujarric alertou que o mapeamento imposto pelo exército israelense “aglomera 2.1 milhões de pessoas em uma pequena área fragmentada, onde serviços dificilmente chegam”.
Dujarric enfatizou que 1.3 milhão de palestinos precisam de abrigo e itens de moradia: “O clima, a umidade, superlotação e frequente montagem e desmontagem de tendas e lonas têm encurtado a vida útil desses itens”.
Dujarric voltou a apontar para a situação “crítica” no território sitiado, sem entrada de quaisquer itens de moradia em mais de quatro meses.
“A crise de combustíveis continua. A quantidade limitada autorizada a entrar em Gaza nos últimos dias não é suficiente”, acrescentou, ao insistir que a ONU prioriza o uso de combustível a operações de maior urgência.
LEIA: ‘Deus quer que limpemos a terra’, diz soldado de Israel sobre as ruínas de Gaza
Dujarric ressaltou ainda “relatos profundamente preocupantes de pessoas gravemente desnutridas, que chegam nos centros médicos e hospitais em condições extremamente precárias”.
“Ainda ontem [domingo, 21], o Ministério da Saúde reportou que mais de uma dúzia de pessoas, incluindo crianças, morreram de fome em apenas 24 horas”, disse Dujarric, ao caracterizar a situação em campo como “quase impossível”.
Segundo o Ministério da Saúde de Gaza — órgão técnico cujos dados são corroborados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) —,
ao menos 86 pessoas, entre as quais 76 crianças, morreram de fome e sede desde outubro de 2023.
O gabinete de comunicação do governo local alertou recentemente que o enclave está “à margem de um morticínio em massa”, após 140 dias de fechamento quase absoluto de todas as travessias de fronteira.
Israel ignora apelos por cessar-fogo, ao manter ataques indiscriminados a Gaza há 650 dias, com aos menos 59 mil mortos e dois milhões de desabrigados.
O Estado israelense é réu por genocídio Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), em Haia, sob denúncia sul-africana deferida em janeiro de 2024.
LEIA: Uma “Cidade Humanitária” construída sobre ruínas: O deslocamento final de Gaza








