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Áudio vazado revela declarações antimuçulmanas do novo chefe do Shin Bet, David Zini

27 de maio de 2025, às 10h00

Veteranos militares israelenses agitam bandeiras nacionais durante um protesto em uma rodovia perto de Netanyahu, em 28 de março de 2023 [Jack Guez/AFP via Getty Images]

O Canal 12 de Israel revelou na noite de domingo um vazamento de áudio do Major-General David Zini, o recém-nomeado chefe do Shin Bet (agência de segurança interna de Israel), contendo incitação explícita contra muçulmanos.

De acordo com o canal, Zini fez os comentários durante uma reunião recente com colonos de uma área próxima à Faixa de Gaza. Na gravação, ele disse: “Temos um alerta constante de inteligência sobre muçulmanos malignos que pretendem matar judeus bons, desde o nascimento de Ismael até novo aviso”.

O vazamento ocorreu durante uma discussão de Zini sobre os ataques de 7 de outubro de 2023 e a subsequente guerra em Gaza, que resultou na morte de aproximadamente 53.200 palestinos e no ferimento de cerca de 123.000 outros.

Na mesma declaração, Zini afirmou: “Os esforços intensivos para trazer de volta todos os reféns rapidamente estão obstruindo a segunda conquista”, referindo-se ao objetivo de eliminar o movimento Hamas.

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Ele acrescentou: “A guerra em Gaza ainda não atingiu seus objetivos. E se alguém lhe prometer que não há ameaças, leve-o a um detector de mentiras.”

Zini também reconheceu nas declarações vazadas que Israel não possui forças suficientes para proteger suas fronteiras ou seus cidadãos em todas as frentes.

Ele disse: “Mesmo que mobilizem todas as forças de reserva e as posicionem ao longo das fronteiras, não será suficiente.”

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu defendeu a nomeação de Zini, afirmando que ele é altamente qualificado para o cargo. No entanto, a decisão encontrou resistência de vários setores, incluindo autoridades judiciais e ex-oficiais de segurança, que questionam a legalidade e a adequação do processo de nomeação.

A controvérsia em torno das declarações e da nomeação de Zini ressalta as profundas divisões dentro da sociedade israelense e de suas instituições, particularmente no que diz respeito à condução de questões de segurança e ao tratamento dispensado às comunidades minoritárias.

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