clear

Criando novas perspectivas desde 2019

Realidade na Cisjordânia é apartheid, diz ex-general israelense

14 de agosto de 2023, às 14h15

Forças israelenses reprimem protesto contra novos assentamentos ilegais na aldeia de Deir Istiyam, em Salfit, na Cisjordânia ocupada, em 24 de julho de 2023 [Issam Rimawi/Agência Anadolu]

Amiram Levin, general reformado do exército de Israel e ex-agente sênior do serviço secreto Mossad, disse neste domingo (13) que as forças às quais serviu são “parceiras em crimes de guerra”, de modo que a situação na Cisjordânia equivale a um “absoluto apartheid”.

“É difícil para nós, mas é verdade. Ande por Hebron, olhe para as ruas. Ruas onde os árabes não podem entrar, apenas judeus. É exatamente o que aconteceu ali, naquele país terrível”, declarou, em referência à Alemanha Nazista.

“Não há democracia lá há 57 anos, somente um absoluto apartheid”, reconheceu o general, ao aludir à data da captura ilegal da Cisjordânia, Faixa de Gaza e Jerusalém, em 1967.

Ex-chefe do Comando Norte das Forças Armadas de Israel, Levin expressou receio de que os soldados deixem de se interessar em defender a nação caso o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu consiga ir adiante com seus planos de reforma judicial.

Levin, que também serviu como vice-diretor do Mossad, insistiu que o exército não é apenas afetado pela greve dos reservistas, contra a reforma, como também “apodreceu por dentro” devido à sua presença contínua na Cisjordânia.

“[O exército] fica ali parado, olhando para colonos extremistas, tornando-se um parceiro em seus crimes de guerra”, acrescentou o general à rádio estatal israelense Kan.

“É dez vezes pior que a questão da prontidão”, reiterou. “E honestamente, não estou  bravo com os palestinos; estou bravo conosco. Estamos nos matando de dentro para fora. É difícil para mim dizer isso, mas é a verdade”.

Questionado sobre semelhanças entre Israel e a Alemanha Nazista, lamentou Levin: “É claro que há. Dói, não é agradável, mas é a verdade. E é melhor encará-la, mesmo que seja difícil, do que fingir que não é assim”.

LEIA: A definição discriminatória de Israel sobre crime e incitação