clear

Criando novas perspectivas desde 2019

Israel investiga visita de grupo judaico ao campo de refugiados de Jenin

13 de janeiro de 2023, às 12h45

Membros do grupo judeu ortodoxo antissionista Neturei Karta durante protesto pró-Palestina, em Londres, 22 de abril de 2022 [Martin Pope/Getty Images]

A polícia israelense confirmou a abertura de uma investigação sobre a visita de uma delegação do movimento judeu ortodoxo antissionista Neturei Karta, ao campo de refugiados de Jenin, na Cisjordânia ocupada, segundo a imprensa em hebraico.

No local, a delegação conversou com membros dos movimentos Fatah e Jihad Islâmica. Embora o Fatah seja o partido hegemônico da Autoridade Palestina (AP) – com aval de Israel –, a Jihad é criminalizada como “terrorista” pela ocupação.

Segundo a televisão israelense, a delegação visitou a família de Bassam al-Saadi, um dos líderes da Jihad Islâmica, aprisionado por Tel Aviv. Além disso, reuniu-se com Ata Abu Emila, secretário local do Fatah, e seu colega de partido, Maher al-Akhras.

Itay Blumenthal, correspondente militar do canal Kan, reportou no Twitter que a polícia decidiu abrir o inquérito após três membros do Neturei Karta de Jerusalem e Beit Shemesh conduzirem uma visita “ilegal” à chamada Área C.

ASSISTA: Judeus ortodoxos protestam contra o sionismo em Jerusalém

Os Acordos de Oslo dividiram a Cisjordânia em três áreas: “A”, sob gestão palestina; “B”, sujeita a controle civil e administrativo palestino e presença militar de Israel; e “C”, sujeita ao controle absoluto por parte de Israel.

Na prática, Israel tem controle pleno da Cisjordânia ocupada, mas costuma exercer poderes de repressão por procuração, através dos serviços de segurança da Autoridade Palestina.

Na terça-feira (10), o Ministro de Segurança Nacional de Israel Itamar Ben-Gvir – conhecido por posições de ultradireita – reivindicou que os ativistas do Neturei Karta sejam deportados à Síria. Uma foto dos três com keffiyehs e bandeiras palestinas foi publicada como “prova do crime”.

Neturei Karta significa “guardiões da cidade” em aramaico. O grupo haredi é conhecido por sua oposição veemente ao sionismo – ideologia colonial que confere base ao Estado de Israel e suas políticas de limpeza étnica.

Os membros do Neturei Karta descrevem a si mesmos como “judeus do Torá”, em referência ao livro sagrado e seus preceitos basilares. Além disso, costumam usar broches sobre suas roupas tradicionais, com os dizeres: “Judeu, não sionista”.

RESENHA: Sionismo durante o Holocausto: Memória como arma a serviço do Estado-nação