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Israel não tem credibilidade para investigar morte de jornalista, afirma ministro

13 de maio de 2022, às 13h10

Palestinos participam de um evento de condolências realizado em uma igreja para a jornalista da Al Jazeera Shireen Abu Akleh, que foi morta pelas forças israelenses durante um ataque em Jenin, Cisjordânia, em 12 de maio de 2022, em Jerusalém Oriental [Mostafa Alkharouf/Agência Anadolu]

O ministro israelense da diáspora, Nachman Shai, disse ontem que Israel não tem a “credibilidade” necessária para investigar o assassinato da repórter da Al Jazeera Shireen Abu Akleh.

“Com todo o respeito a nós, digamos que a credibilidade de Israel não é muito alta nesses casos. Sabemos disso. Baseado no passado”, disse Shai, ex-porta-voz do exército israelense, em entrevista à Rádio 103FM.

Ele acrescentou que pode haver a necessidade de recrutar um patologista americano ou um patologista de “outra nacionalidade que possa dar dimensão internacional e também dar credibilidade a essa investigação”.

Comentando sobre a demanda dos EUA para investigar o assassinato de Abu Akleh, Shai disse: “Enquanto os ministros [do gabinete] e o chefe de gabinete das IDF [Aviv Kohavi] declararam que abrirão uma investigação, [os EUA] querem saber a verdade e eles vão nos pressionar, eles não vão desistir até que esse caso termine. Isso está claro”.

“A resposta do chefe do Estado-Maior do Exército, dos ministros e do primeiro-ministro foi certamente correta e rápida também, mas isso é bom para essa fase. Agora devemos ir para a investigação e propor aos palestinos uma equipe conjunta acompanhada por um organismo internacional aceitável para ambos os lados”, acrescentou.

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Comentando sobre a recusa da Autoridade Palestina em entregar a bala que matou Abu Akleh, o ministro disse: “Eles [palestinos] têm o corpo, a bala, então é muito difícil conduzir uma investigação no ar se você não pode ver o próprio corpo”.

“Não abriremos uma investigação externa. A principal coisa que quero saber, e devemos saber, é se o tiroteio partiu de nossas forças ou dos palestinos que estavam lá?”

As observações de Shai foram criticadas por figuras da oposição em Israel.

O líder da oposição, Benjamin Netanyahu, condenou em um comunicado o que ele disse serem “as mentiras que estão sendo proferidas contra nossos soldados – não apenas as que vêm dos palestinos, mas também as observações vergonhosas feitas por membros da coalizão do [primeiro-ministro] Bennett”.

“As falsas calúnias contra nossos soldados que são ouvidas dentro da coalizão provam, mais uma vez, que um governo que depende de apoiadores do terrorismo não pode lutar contra o terrorismo e é incapaz de proteger nossos soldados”, dizia o comunicado.

Enquanto isso, o vice-ministro das Relações Exteriores de Israel, Idan Roll, descreveu as declarações de Shai como “miseráveis ​​e fora de contato com a realidade”.

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