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Marrocos devolve representante à Espanha após nova postura sobre Saara Ocidental

21 de março de 2022, às 12h24

Veículo das Forças Armadas do Marrocos no território disputado do Saara Ocidental, em 25 de novembro de 2020 [FADEL SENNA/AFP via Getty Images]

A embaixadora marroquina Karima Benyaich voltará a Madrid após o governo europeu reiterar seu apoio à proposta de autonomia do país norte-africano sobre a questão do Saara Ocidental, reportou neste domingo (20) a agência de notícias Reuters.

Benyaich retornou ao Marrocos como protesto em maio de 2021, após a Espanha permitir a entrada do líder saarauí Brahim Ghali para tratamento médico, por meio de documentos de viagem emitidos pela Argélia.

O Marrocos alegou não ser informado com antecedência sobre a presença de Ghali.

“A Espanha considera a proposta de autonomia ao Saara Ocidental como algo sério, material e realista”, declarou em comunicado o governo marroquino, com aparente intuito de solucionar os atritos diplomáticos entre os países.

Conforme a Reuters, a linguagem adotada reflete uma mudança na política espanhola sobre a área disputada entre a coroa marroquina e a Frente Polisário, cujo objetivo é a independência saarauí, com apoio da vizinha Argélia.

A chancelaria marroquina, no entanto, não comentou os avanços até então.

Rabat insiste que sua proposta de 2007 — isto é, conferir uma suposta autonomia saarauí sob soberania marroquina — é sua maior concessão possível para alcançar uma solução política a décadas de conflito.

Em resposta aos últimos acontecimentos, não obstante, a Argélia informou a retirada de seu embaixador de Madrid, em protesto contra o apoio espanhol ao esquema de autonomia.

Há anos, a maior parte da comunidade internacional — incluindo a Espanha — defende resolver a disputa via referendo, como parte de um cessar-fogo de 1991. Trata-se da posição saarauí. No entanto, nenhum acordo foi firmado para realizar o pleito.

Nos anos recentes, mesmo a Organização das Nações Unidas (ONU) deixou de lado a ideia, ao referir-se então a uma solução “realista”, com base em concessões mutuamente aceitas pelas partes em confronto.

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